A greve dos motoristas e cobradores de ônibus em São Paulo provocou lentidão na cidade e atrapalhou a vida dos usuários do transporte coletivo. Às 10h desta quarta-feira, dia 29, o índice de lentidão da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) era de 100 km, bem superior aos 70 km da última quarta-feira, 22. Em relação à greve do dia 14, porém, o índice foi inferior (134 km a 100 km). Até as 10h, a média de lentidão estava 29% abaixo da registrada no dia 14, de acordo com a CET.
Estações de trem e metrôs apresentavam grande movimento nesta manhã. A reportagem registrou uma fila enorme no terminal Varginha, na zona sul, diante da única linha de ônibus que estava funcionando por volta das 7h.
Uma audiência com o sindicato patronal está agendada para as 15h na Justiça do Trabalho. Às 16h, uma nova assembleia está convocada para decidir sobre a manutenção da paralisação.
Em entrevista à <i>Rádio Eldorado</i>, Valmir Santana, presidente do Sindmotoristas, afirmou que há adesão total das empresas que operam o sistema estrutural. As linhas locais, com micro-ônibus de menor capacidade, circulam normalmente na capital.
Na região central da cidade, os ônibus praticamente não passavam nos corredores e o Terminal Bandeira, um importante ponto de distribuição de passageiros para o Parque Dom Pedro e zona sul da capital, estava vazio. Desde a meia-noite nenhum ônibus apareceu por lá. "Atenção senhores usuários. As linhas deste terminal não estão funcionando", dizia a gravação pelo alto falante a todo momento.
A alternativa dos usuários foi tentar pegar um carro por aplicativo para chegar ao trabalho. Mas reclamaram da elevação dos preços. A assistente administrativa Maria Augusta Santos, de 32 anos, mora no bairro Limoeiro, na zona leste. Para chegar ao trabalho, no Aricanduva, ela fez simulações pelo aplicativo, mas acabou desistindo. O percurso que normalmente custa R$ 20 sairia pelo dobro do valor. Nas redes sociais, há relatos de pessoas se queixando dos altos valores. "Greve em SP de novo? Parece que o preço do Uber dobrou", escreveu o internauta Ney Ribeiro.
Kátia Ramos, vendedora em uma loja, pegou carona com o marido até a Estação Corinthians Itaquera do Metrô, na zona leste. Ela conseguiu chegar ao Terminal Bandeira, mas não havia ônibus para seguir viagem. "Eu sabia da greve, mas arrisquei porque meu patrão falou para eu me virar", disse.
Nenhuma das 23 linhas que circulam pelo terminal estava operando e ela precisou pedir um Uber para ir até Santo Amaro, na zona sul. "Geralmente custa cerca de R$ 22 a corrida até lá, mas agora está dando R$ 40", disse apressada para tentar chegar no seu trabalho no horário.
<b>Paralisação</b>
Motoristas e cobradores de ônibus entraram em greve à meia-noite desta quarta-feira na capital paulista. A paralisação foi deflagrada pelo Sindicato dos Motoristas e Trabalhadores em Transporte Rodoviário Urbano de São Paulo (Sindmotoristas). Essa é a segunda vez que a categoria paralisa os serviços em menos de um mês. Com os ônibus na garagem, muitos terminais ficaram vazios.
A Prefeitura suspendeu rodízio de carros na capital ao longo da quarta-feira, permitindo a circulação dos veículos com placas de finais 5 e 6. Faixas exclusivas e corredores de ônibus também estão liberados para circulação de carros de passeio enquanto durar a greve. A paralisação tem previsão para durar até 24 horas.