Ao menos 135 mil alunos de sete universidades federais terão as aulas adiadas por causa da greve dos funcionários técnico-administrativos e dos docentes. Em protesto contra os cortes orçamentários nas instituições e por reajuste salarial de 27%, as categorias iniciaram a paralisação em maio.
Os 60 mil alunos da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), que deveriam voltar às aulas na segunda-feira, tiveram o calendário acadêmico suspenso, sem previsão de retomada das atividades. A suspensão atinge os alunos de graduação, pós-graduação e os de ensino fundamental e médio do Colégio de Aplicação. De acordo com a assessoria da universidade, as aulas só serão retomadas ao final da greve, para que as atividades do primeiro semestre possam ser concluídas.
Além da greve, a universidade também sofre com corte de cerca de 30% na previsão orçamentária deste ano. A instituição previa um orçamento de R$ 371 milhões, mas estima que só receberá R$ 261 milhões.
Na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), as aulas de 33.242 alunos foram adiadas do dia 3 para 24 de agosto, por causa da greve. Em nota, a reitoria informou que “os dirigentes fizeram todos os esforços necessários para evitar mais prejuízos aos alunos”. Ainda em Minas Gerais, outras três federais – a UFJF (Juiz de Fora), UFLA (Lavras) e UFOP (Ouro Preto) – também decidiram adiar por tempo indeterminado o início das aulas de cerca de 35 mil alunos da graduação, até que a paralisação seja encerrada.
Em Mato Grosso do Sul, a Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD) suspendeu todo o calendário acadêmico desde o final de maio. Por isso, o primeiro semestre também não foi encerrado ainda. Em nota, a instituição informou que essa é a primeira vez que o calendário é cancelado.
Unifesp
Na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), as aulas do câmpus da capital paulista (que é o que concentra a maior parte dos 11,1 mil alunos de graduação) tiveram início nesta semana. No entanto, as aulas nos outros cinco câmpus foram adiadas.
Segundo a reitoria, as direções dessas unidades trabalham para fazer a rematrícula dos alunos de forma manual entre os dias 10 e 13, para que as aulas sejam iniciadas em 17 de agosto. Apenas a direção de São José dos Campos disse que só poderá fazer a rematrícula e, portanto, retomar as atividades acadêmicas, após o fim da greve dos técnicos-administrativos.
Paralisação
A greve dos funcionários já atinge todas as 63 universidades federais e a dos docentes, 41 delas. A paralisação também afetou em junho a matrícula dos aprovados no Sistema de Seleção Unificada (Sisu) do segundo semestre.
Além disso, os cortes nos orçamentos das universidades, que têm sido de 20% a 30% dos repasses previstos, colocaram as instituições em grave crise financeira. Nesta semana, a Universidade Federal da Bahia (UFBA) teve a energia cortada em duas de suas unidades por falta de pagamento. A UFRJ ficou cinco meses sem pagar os funcionários terceirizados do serviço de limpeza, no início do ano.
Autonomia
Em nota, o Ministério da Educação informou que as instituições têm autonomia administrativa, financeira e de calendário acadêmico. Também afirmou que, com o ajuste fiscal do governo federal, foram preservados os “programas e ações estruturantes e essenciais” e que atua para garantir os recursos necessários de custeio das universidades.
O MEC informou ainda que se comprometeu a acompanhar as negociações salariais e a reestruturação das carreiras com o Ministério do Planejamento. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.