Londres, 09/01/2017 – Uma nova greve no transporte público de Londres leva a um caos no tráfego da capital britânica na manhã desta segunda-feira. A maior parte do metrô está inativa na cidade por 24 horas e o trânsito está intenso, parado em vários pontos do centro, por causa do aumento do volume de veículos em circulação. A paralisação se dá porque sindicatos da categoria afirmam que mais de 800 postos de trabalho foram fechados, com o encerramento de algumas bilheterias. Eles alegam que os funcionários têm sido maltratados por passageiros que enfrentam filas nas máquinas de ingresso.
O aumento do desemprego é uma das principais preocupações dos trabalhadores ingleses depois da escolha feita em junho do ano passado pela saída do Reino Unido da União Europeia (o chamado Brexit). Os números da economia britânica mostram que a atividade ainda se mantém forte, apesar dos alertas feitos de desaceleração caso o Brexit vencesse no referendo. No terceiro trimestre de 2016, o Produto Interno Bruto (PIB) do país subiu 0,6% na margem e a previsão é a de que não haverá uma forte desaceleração nos últimos três meses do ano, conforme indicam os dados antecedentes da economia.
Para a maior parte dos analistas do setor privado, no entanto, a resiliência da economia pode não ser muito duradoura e um dos campos que devem ser mais afetados é justamente o do mercado de trabalho. Além disso, a inflação tem mostrado forte elevação recentemente, o que também deve diminuir o poder de compra do consumidor. Na semana passada, o economista-chefe do Banco de Inglaterra (BoE, na sigla em inglês), Andy Haldane, reiterou que a instituição acredita que o Brexit atingirá a economia em 2017. Pelos cálculos do BoE, o PIB vai desacelerar de 2,2% em 2016 para 1,4% este ano.
No início do mês, os britânicos fizeram protestos em vários locais do país contra o aumento das passagens de trens, que teve um reajuste médio de 2,3%. A elevação é superior à meta de inflação que o BoE perseguirá este ano, de 2%. A instituição já sinalizou que será mais tolerante com a alta da inflação. “Estamos dispostos a tolerar um pouco de um excesso de inflação ao longo dos próximos anos, a fim de evitar maior desemprego e certificarmo-nos de que a economia pode se ajustar da melhor maneira possível”, disse, em outubro passado, o presidente do BoE, Mark Carney.
Às vésperas do Natal passado, uma onda de greves curtas também tomou conta do país. Os principais setores afetados foram transportes (ferrovias e aeroportos) e comunicação (correios). Os trabalhadores pleiteavam melhores salários, condições de trabalho, segurança e aposentadoria.