A Orquestra Gru Sinfônica estreou no último sábado (19) Song of the Universal, do compositor Sérgio Molina, em concerto digital ao vivo transmitido diretamente do Teatro Adamastor com a participação do Quarteto de Violões Quaternaglia e do pianista Rogério Zaghi. O espetáculo integra a série Novos Talentos e Descobertas da Temporada 2021 das orquestras de Guarulhos. Para assistir ao concerto acesse https://www.youtube.com/watch?v=3gGwUVW9PmA.
O espetáculo demonstrou verdadeiro estreitamento da relação entre o compositor, instrumentistas, solistas e a audiência, o que, segundo o maestro Emiliano Patarra, propicia o contato do público que acompanha o trabalho das orquestras de Guarulhos com a produção mais recente de compositores ligados ao mundo sinfônico.
“A participação da Gru Sinfônica na criação e estreia da obra de Sérgio Molina garante a continuidade de um debate estético no qual são traçados os rumos da linguagem da música de concerto, tanto no país quanto no mundo, além de seu papel na sociedade”, enfatiza Patarra.
O poema Song of the Universal, do americano Walt Whitman, serviu de inspiração para que o compositor brasileiro Sérgio Molina pudesse compor a obra, que mantém constante diálogo com as imagens do poema em meio às técnicas da música orquestral justapostas e fundidas com as complexidades rítmicas da música popular urbana.
Composta inicialmente para piano e quarteto de cordas, a peça foi completamente reestruturada para atender ao formato de concerto com a Orquestra Gru Sinfônica. O resultado, Song of the Universal, concerto para quarteto de violões (microfonado), piano e orquestra, difere completamente da peça encomendada ao pianista James Dick e que estreou em 2018 no estado do Texas, Estados Unidos, com o Quarteto de Violões Quaternaglia.
“Quando disse a James Dick que estava procurando por inspiração nos poemas de Walt Whitman, ele prontamente me enviou Song of the Universal, dizendo que se tratava de algo muito especial e, a partir daí, encontrei todas as soluções”, explica Sérgio Molina. Para o compositor, é muito mais interessante quando a inspiração surge de um elemento extramusical. “Quando temos uma analogia para buscar no diálogo com outra arte, nesse caso a literatura, é necessário ‘escapar’ de nós mesmos como compositor, de nossas técnicas e estilos já desenvolvidos, e pensar no modo como essa obra se comportaria na linguagem dos sons”.
E foi na passagem do poema de Whitman que fala que há algo no ser humano, uma espécie de semente da perfeição, que o compositor encontrou a analogia ideal para traçar as primeiras melodias. Nesse contexto, a busca dessa semente da perfeição é a busca da canção que deu origem à peça Song of the Universal.
A escolha do repertório
A Orquestra Jovem Municipal de Guarulhos e a Orquestra Gru Sinfônica cumprem juntas a Temporada 2021, com um total de 20 espetáculos que permitem ao público adentrar um universo de músicas sinfônicas de vários estilos, gêneros, misturas e possibilidades.
Para compor o espetáculo de estreia de Song of the Universal, os regentes Emiliano Patarra e Kevin Camargo debruçaram sobre um repertório artisticamente relevante para atender ao desafio da temporada de confrontar estímulos e abordagens diferentes. Assim como a composição de Sérgio Molina, as obras dos compositores Serguei Prokofiev e Gabriel Fauré foram concebidas inicialmente como música de câmara e foram ampliadas para atender à demanda de execução junto à orquestra.
No início do concerto o maestro Kevin Camargo comandou a batuta, com a execução de Abertura sobre Temas Hebreus, Op. 34bis, de Prokofiev. Inicialmente, o compositor russo escreveu a peça para um conjunto de seis instrumentos, transformando-a posteriormente em uma versão mais completa para orquestra. No todo orquestral, a obra demonstra entusiasmo rítmico, tanto na leveza dos diálogos das violas, violinos e violoncelos quanto nas melodias que se alternam quanto nos momentos de tensão que se contrastam.
Na sequência, o maestro Emiliano assume a regência de Suíte Pelleas et Melisande, Op. 80, do francês Gabriel Fauré, obra composta como trilha sonora da peça de teatro Pelleas et Melisande, dramaturgia muito marcante na vida artística europeia no final do século XIX e início do século XX. Na adaptação feita para a orquestra, Fauré transformou a peça numa suíte com quatro movimentos, que misturam momentos de delicadeza e dramaticidade, um convite a um tipo muito peculiar de escuta com ideias musicais e combinações muito sutis.
“A montagem de um programa se assemelha à elaboração do cardápio de um banquete, com peças e obras que realçam o sabor e a escuta umas das outras, por isso, é interessante que o programa instigue perspectivas diversas. No caso da Série Novos Talentos e Descobertas, a escolha do repertório vai muito além de complementar o programa, pois busca ressaltar os contrastes e as similaridades entre as obras executadas”, explica Patarra.
Para mais informações e detalhes da Temporada 2021 das orquestras de Guarulhos acesse https://bit.ly/3oRBVvb. Informações sobre eventos culturais online em Guarulhos estão disponíveis em www.guarulhos.sp.gov.br/agendacultural.