Os gastos das famílias brasileiras com Alimentação e Bebidas recuaram 1,87% em 2017, a primeira deflação registrada pelo menos desde a implantação do Plano Real, segundo os dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de dezembro, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
“Não há registros historicamente no grupo de Alimentação de queda no fechamento do ano. Foi a primeira vez”, frisou Fernando Gonçalves, gerente na Coordenação de Índices de Preços ao Consumidor do IBGE.
Sob influência da safra agrícola recorde, 30% maior do que a registrada no ano anterior, as reduções de preços dos alimentos levaram o grupo Alimentação e Bebidas a diminuir o IPCA de 2017 em 0,48 ponto porcentual.
Todas as regiões pesquisadas apresentaram deflação nos alimentos, com taxas variando de -4,28% em Belém a -0,21% em Brasília.
Os alimentos para consumo em casa caíram 4,85% no ano passado. Vários itens tiveram queda significativa nos preços, com destaque para as frutas (-16,52%), maior impacto negativo sobre o IPCA do ano, o equivalente a 0,19 ponto porcentual.
Já a alimentação consumida fora de casa subiu 3,83% em 2017.
Impactos
Segundo o IBGE, os reajustes na energia elétrica, no gás de cozinha e na taxa de água e esgoto puxaram o aumento de 6,26% nas despesas das famílias com Habitação em 2017, grupo de maior pressão sobre a inflação do ano. A contribuição foi equivalente a 0,95 ponto porcentual para a taxa de 2,95% registrada pelo IPCA de 2017.
O gás de botijão subiu 16,00% no ano passado, uma contribuição de 0,19 ponto porcentual sobre a inflação do período. Durante o ano de 2017, a Petrobras autorizou um reajuste de 84,31% no preço do gás de cozinha vendido em botijões de 13 quilos nas refinarias.
A taxa de água e esgoto ficou 10,52% mais cara, o equivalente a 0,17 ponto porcentual do IPCA. Já a energia elétrica aumentou 10,35%, o terceiro item de maior impacto sobre a inflação, 0,35 ponto porcentual, atrás apenas do plano de saúde e da gasolina.
A alta já inclui o desconto de até 19,50% aplicado sobre as contas de energia elétrica em abril, por decisão da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), de modo a compensar os consumidores pela cobrança indevida, em 2016, do chamado Encargo de Energia de Reserva (EER), voltado a remunerar a usina de Angra III. Ao longo do ano, porém, entraram em vigor as cobranças adicionais através da adoção das bandeiras tarifárias.
“Em 2016, quase o ano inteiro foi bandeira patamar verde. Nesse ano de 2017 predominou a vermelha”, lembrou Gonçalves.
Em 2017, houve incidência de bandeira vermelha sobre as contas de luz em seis meses. Em 2016, sete meses tiveram a bandeira verde.