Variedades

Grupo de Dança celebra 10 anos

O Núcleo Cinematográfico de Dança comemora 10 anos de atividades com um panorama de seu repertório. Até sábado, 8, mostra, na Oficina Cultural Oswald de Andrade, mais dois de seus espetáculos: às 19h, 2 ou 3 Coisas Que Eu Sei Dele (2012), e, às 21h, O Que Resta de Quatro (2010). Também oferece workshop, de 10 a 12/11, das 18h30 às 21h30. Enriquecendo a celebração, estreou no mês passado Blow Up Vol.1 na Casa do Povo, uma criação cujo título, assim como o do grupo, não esconde que é o cinema o impulsionador de seus interesses desde 2002, data de sua fundação (dois anos depois, tornou-se um grupo profissional).
Na sua mais recente criação, o foco recaiu na técnica do blow up, que torna mais evidentes detalhes e imperfeições (uma cena fora de foco, por exemplo).

Como se trata de um grupo de dança, o seu blow up foi trabalhado no movimento do corpo e justamente aí se instala a questão central desta obra. O movimento é decupado em uma sucessão de “fotogramas”, que passam de um corpo para o outro, acontecendo como eco da sua imagem. O que o corpo faz vem de variações da técnica de contato improvisação, sem conseguir a expansão necessária para atingir o ponto de explosão (blow up, em inglês, tem também esse sentido).

A expansão que ampliaria o movimento acontece apenas nos deslocamentos pelo espaço, quando a sequência de “fotogramas” se desloca daqui para ali. Como o público está distribuído em nichos de poltronas e cadeiras espalhadas pelo espaço cênico, as cenas acontecem mais perto e mais longe de quem assiste. Ou seja, é a espacialização que materializa o termômetro desse blow up e não aquilo que o corpo faz. A explosão fica exposta na cenografia, assinada por Luciano Bussab e José Romero.

Dirigido por Mariana Sucupira e Maristela Estrela, que também dançam, Blow Up Vol.1 conta ainda com Ilana Elkis e Juliana Gennari no elenco. Elas não saem de cena, mas não conseguem chegar à explosão que pretendem com a sua dança.

Com acabamento impecável e elenco inteiramente comprometido com o que está fazendo, Blow Up Vol.1 parte de uma proposta que se revela nos ingredientes do espetáculo (cenografia, música, figurino), mas não nos corpos que a dançam. Mas, uma vez que o vol.2 já está anunciado, quem sabe nessa próxima etapa o Núcleo Cinematográfico de Dança chegue a realizar o que está na fala de Iuri Lotman que estampa no seu programa. Nela, Lotman diz que o momento da explosão interrompe a cadeia de causas e efeitos porque projeta um conjunto de eventos prováveis, dos quais não é possível dizer qual se realizará. Será preciso mergulhar muito mais fundo na preparação corporal para dar conta de dançar essa relação sempre tão instigante entre o provável e o que vem a existir. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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