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Grupo de militantes do PT vai de Santo André a Brasília prestigiar posse de Dilma

Às dez e meia da manhã do último dia de 2014, 34 militantes do PT embarcavam de Santo André, na região do ABC Paulista, para uma viagem de 1.175 mil quilômetros rumo à posse da presidente Dilma Rousseff, em Brasília. Teriam pela frente 18 horas de uma viagem de ônibus marcada pela contagem regressiva da virada do ano comemorada no meio da estrada, fofocas partidárias, brincadeiras com a oposição e até à ao jeito de Dilma governar.

Do Estado São Paulo, outros 100 ônibus saíram em peregrinação ao Distrito Federal, todos pagos com recursos do diretório regional do PT e sem custos para os militantes. A reportagem do Estado embarcou num deles – e reembolsou o PT pela viagem. Cada caravana custou, pelo menos, R$ 4 mil aos cofres petistas.

O chefe da caravana que partiu de Santo André foi Marco Santos, de 51 anos, conhecido no PT como o Gaúcho. Meticuloso, conferia um por um o nome dos militantes que embarcavam. Camisas de Cuba, Che Guevara e do “Coração Valente” da campanha de Dilma eram os uniformes da viagem.

Plenária

Com o ônibus na estrada, a política virou, como se esperava, o tema central das conversas – apenas um pequeno grupo que assistia ao filme O Curioso Caso de Benjamin Button para passar o longo tempo até Brasília. O fundão do veículo virou uma plenária petista.

Muitos faziam autocrítica. “Foi um alívio termos vencido essa eleição. O PT tá queimado, se não começarmos a ir pra rua morremos na praia em 2018”, disse Paula Pires, militante na cidade do ABC Paulista. Nas falas, os viajantes mostravam certa mágoa com a presidente por ter afastado as bases do seu governo.

“Pra eleger ela tive que comprar uma briga danada na minha comunidade. A gente fez de coração, porque senão ela não se elegia”, afirmou Núbia Magalhães. “Na época do Lula não era assim, a gente era ouvido, participava das decisões”, falou em voz alta o Gaúcho. “Mas sabe por que ele colocou ela (Dilma) lá? Por que ela tem fibra, é boa, só precisa saber a ser líder, como o Lula”, ponderou.

Com algumas centenas de quilômetros rodados e latas de cerveja vazias, o assunto saiu dos problemas do partido para os possíveis cargos que irão assumir em 2015. “Acho que em janeiro vou pro escritório da Presidência em São Paulo”, apostou Gaúcho. “Eu tô pensando ainda se aceito fazer assessoria do Delcídio Amaral (senador do PT-MS) ou pego alguma coisa pela Câmara”, disse Leonardo Machado, militante do Estado do Mato Grosso do Sul.

Ano Novo

Enquanto os fogos de artifício estouravam na Praia de Copacabana, no Rio, e na Avenida Paulista, em São Paulo, a caravana de Santo André comemorava o Ano Novo em uma pequena cidade de Goiás conhecida como Ponte Alta, a 180 km de Brasília. Em vez do Peru ou da tradicional carne de porco da ceia, os militantes apreciavam um miojo acompanhado de uma cidra levadas do ABC.

Os gritos de “Feliz Ano-Novo” foram trocados pelo “Viva, Dilma! Viva o PT”.

Oposição

Na reta final da viagem foi hora de falar mal da oposição. O senador mineiro Aécio Neves (PSDB), derrotado por Dilma nas eleições de outubro passado, não foi esquecido. “Só fico imaginando o Aécio assistindo a posse e vendo a Dilma subindo a rampa. Vai ser muito recalque”, riu Paula. “Quando o PSDB perde o ossinho fica raivoso desse jeito, tenta até um impeachment. Sinto vergonha por eles”, afirmou Machado.

Na chegada a capital federal, às 2h do dia 1º, o grupo se concentrou no Ginásio Nilson Nelson, ao lado do Estádio Mané Garrincha, onde mais de cinco mil militantes esperavam a hora da posse. Foram as raras as pessoas que tiraram um cochilo durante a madrugada. O que mais havia eram eram rodas de conversas defendendo os feitos dos 12 anos de governo do PT. “Nunca se fez tanto como o Minha Casa Minha Vida”, gritou um. “Pobre começou a andar de avião, a ir pra faculdade”, disse outro.

Quatro anos

Logo que o sol raiou, a peregrinação até a Esplanada dos Ministérios começou. Prestes a ver Dilma subir de novo a rampa do Palácio do Planalto, o grupo de Santo André já planejava a próxima viagem. “A gente volta aqui daqui a quatro anos. Com Lula!”, disse Gaúcho, o líder da comitiva. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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