A Justiça da Espanha decidiu reabrir o processo que investiga a transferência do atacante Neymar ao Barcelona, concluída em junho de 2013. A denúncia é movida pelo grupo de investidores DIS, que alega ter direito a receber 40% do valor total da transferência: cerca de R$ 120 milhões.
Em julho, o juiz José de la Mata havia decidido arquivar o processo, por entender que o caso não continha crimes como fraude ou corrupção, mas somente violações às regras da Fifa para negociações de jogadores. Agora, a Justiça revogou a decisão e a Quarta Seção Penal, presidida pela juíza Angela Murillo, encontrou evidências de corrupção e fraude.
“Temos convicção de que nos próximos meses haverá um julgamento na Espanha para definir se houve efetivamente corrupção e estelionato, para condenar as partes às penas e ao ressarcimento dos valores”, disse o advogado Paulo Nasser, do escritório Miguel Neto, representante do grupo DIS.
A Justiça quer esclarecimentos sobre o valor real da venda de Neymar. Inicialmente, o Barcelona informou que o negócio custou 57,1 milhões de euros (R$ 249,6 milhões na época). Oficialmente, o Santos recebeu 17,1 milhões de euros (R$ 74,8 milhões). Depois, o clube catalão admitiu que gastou 86,2 milhões de euros (R$ 364,2 milhões), mas alegou, no entanto, que pagou 40 milhões de euros de indenização à empresa N&N, da família de Neymar.
Em nota, uma das empresas de Neymar, a NN Consultoria, se disse tranquila com a decisão porque os contratos foram firmados de acordo com a lei e com a anuência do Santos e também do Barcelona.
O grupo DIS afirma ter direito a 40% deste valor total, porém só recebeu essa mesma porcentagem do montante que foi pago ao Santos. A empresa trabalha com grupos de advogados no Brasil e na Espanha. No último ano, o trabalho deles foi de colher provas e ouvir testemunhas para garantir a continuação do caso na Justiça. Entre os envolvidos no caso estão além do jogador, o pais dele, representantes das empresas de Neymar e ex-dirigentes dos dois clubes.
Segundo o advogado que representa o grupo DIS, a transferência deixou também de repassar uma parte do valor para a Federação das Associações de Atletas Profissionais (FAAP). “Pela Lei Pelé, a entidade tem direito a receber 0,8% de todas as transações de atletas profissionais. A transação se deu de forma oculta, o que prejudicou também a outros jogadores que não alcançaram a mesma fama do Neymar”, explicou. O valor corresponde a aproximadamente R$ 1 milhão.