Em outubro de 2014, Brian Murray, CEO da HarperCollins, um dos maiores grupos editoriais do mundo e subsidiária da News Corp, disse, em sabatina na Feira de Frankfurt: “Queremos estar e investir em todos os mercados onde vemos crescimento editorial em longo prazo. E o Brasil está no topo quando pensamos em tendências, economia em desenvolvimento, consumidores e alfabetização. Estamos tomando providências para estar lá”.
Uma semana antes, o grupo tinha anunciado a aquisição da Thomas Nelson Brasil, editora de livros cristãos que, desde 2006, era controlada pela Ediouro e pela americana Thomas Nelson (integrada à HarperCollins em 2012). E, em maio, o grupo americano revelou que tinha comprado a Harlequin, de livros românticos e eróticos – também presente no Brasil devido a uma sociedade com o Grupo Record. Pois o contrato entre Harlequin e Record terminou na última semana e nesta segunda-feira, 03, a Ediouro e a HarperCollins anunciaram a criação da HarperCollins Brasil.
Com a joint venture, explica Antonio Araújo, que assume a diretoria executiva da nova editora, os títulos mais comerciais que eram publicados pela Nova Fronteira e Agir passam para a HarperCollins Brasil, que cuidará, também, do catálogo da Thomas Nelson e da Harlequin. Continuam sob o comando da Ediouro o que chamam de “clássicos”, o catálogo católico da Petra e os produtos Coquetel.
A ideia é publicar 350 títulos por ano. Na realidade, no primeiro ano, isso significa 100 lançamentos a mais do já estava programado anteriormente pelas editoras. Ainda segundo o diretor, a novidade desta segunda não vai alterar a estrutura da editora, que não contratará ou demitirá funcionários. Tampouco representa uma internacionalização do catálogo, o que poderia diminuir o espaço para autores brasileiros. “Em torno de 50% do que a área trade da Ediouro publicava era de autores nacionais. Dentro da estratégia da HarperCollins Brasil os autores nacionais são fundamentais”, explica.
À época da sabatina em Frankfurt, quando Murray não escondeu o interesse pelo Brasil, ele estava empolgado com o serviço de assinatura/aluguel de e-books. O mercado de livros digitais não cresce por aqui conforme os editores esperavam e esses serviços de assinatura têm ganhado adeptos. E o mercado como um todo também está aquém das expectativas, com pesquisas mostrando um caminho para a recessão e comprovando a dependência que as casas brasileiras têm das vendas governamentais. Nada disso preocupa a gigante americana.
“A visão sobre o Brasil vai muito além do curto prazo. Não pensamos somente sobre o ano atual ou o ano que vem. O País é o 10.º maior mercado editorial do mundo e tem um mercado consumidor gigante. Além disso, mesmo em momentos de dificuldade econômica, é possível construir boas histórias, como mostra o trabalho da Thomas Nelson no País”, diz Araújo. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.