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grupo espalha mudas pela cidade

Foi depois de ver a única árvore da rua morrer por uma poda drástica e grosseira, um pau-ferro que vivia em frente da sua casa, que o advogado Danilo Bifone, de 41 anos, deu o primeiro passo para o que se tornaria sua missão de vida.

Morador da Mooca, na zona leste, uma das áreas com menor cobertura vegetal de São Paulo, ele decidiu que precisava ajudar a cidade a ser mais verde para se tornar melhor. Ele então plantou duas árvores no lugar do finado pau-ferro. De lá para cá, estima, devem ter sido mais de 20 mil.

“Era uma coisa meio subversiva. Eu saia à noite, às escondidas, plantando na frente de imóveis que estavam para alugar, achando que estava fazendo uma coisa proibida. Até descobrir que para plantar em calçada não é necessária nenhuma autorização. Seguindo o que manda o manual técnico de arborização urbana da Prefeitura, todo mundo pode”, diz.

Ao perceber isso, nascia o Muda Mooca, um grupo de voluntários que, inicialmente no bairro e depois em vários lugares da cidade, saiu à busca de calçadas pouco arborizadas.

“A maior dificuldade não é achar muda, quebrar calçada ou destinar o entulho, mas convencer o morador a deixar plantar na frente da casa dele. Tem muita gente que não quer árvore na frente de casa. É uma visão meio higienista de que faz sujeira. Reclamam da folha que cai sem enxergar a poluição da cidade, sem ver os
benefícios para a umidade do ar, a melhora na sensação térmica”, afirma.

Ele teve de convencer os próprios vizinhos disso, mas hoje conseguiu transformar a rua de casa, que há 20 anos tinha apenas uma árvore, em um pequeno corredor. E o trabalho está se espalhando. Até mesmo na cracolândia, no início do mês, o grupo aportou com ferramentas e mudinhas de árvores nativas.

Multiplicadores – E também já formou grupos filhotes e multiplicadores, como o Muda Ipiranga, o Muda Itaim e o Muda Itaquera. Um dos mais novos é o Muda Leopoldina, que tem como uma das organizadoras a consultora em gestão de mudança organizacional Tânia Maia. Ela explica que buscou desenvolver um trabalho de educação ambiental com os moradores, principalmente com as crianças, para que possam continuar plantando no futuro em busca de uma visão diferente de cidade, mais sustentável.

Tânia conta que seus primeiros plantios foram quando ainda morava em Salvador, onde gostava de andar com mudas no carro. Com o Muda Mooca, aprendeu a importância da biodiversidade, da polinização. “Por muitos anos eu plantei árvores sozinha. Mas quando vi o efeito que uma ação coletiva dessas tem, mudou minha vida”, afirma. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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