Variedades

Grupo Espanca! estreia peça que investiga origens da violência brasileira

Muito mais que a indiferença, os atos violentos são capazes de criar espaços de protagonismo na memória de uma sociedade e permanecerem vigentes durante sua construção. Se achegar com o objetivo de compreender essas forças tem sido a trajetória do grupo mineiro Espanca!, fundado em 2004.

Nesta quinta, 19, a companhia estreia o recente projeto Real: Teatro de Revista Política, que segue uma investigação em torno de uma “violência das afetividades”, já retratada desde a poética Por Elise (2005), primeiro trabalho do grupo. “De uns tempos para cá, nos aproximamos mais da realidade concreta brasileira e de casos que pudessem instigar nossas criações”, explica Gustavo Bones, que divide a direção com Marcelo Castro.

A quantidade abundante de casos foi sintetizada em cincos acontecimentos brasileiros: um linchamento, um atropelamento, uma chacina policial, um movimento grevista e o anúncio de suicídio coletivo pela comunidade indígenas Guarani-caiová.

Para cada fato, o grupo convidou os dramaturgos Byron ONeill, Leonardo Moreira, Márcio Abreu e Roberto Alvim. A partir do linchamento de uma mulher acusada de sequestrar crianças para rituais de magia negra no Guarujá, o dramaturgo Diogo Liberano, que completa o time, assina Inquérito. A cena partiu do linchamento de Fabiane Maria de Jesus.

Depois de um boato de que a mulher sequestrava crianças para rituais de magia negra, moradores do bairro de Morrinhos, no Guarujá, espancaram Fabiane até a morte. Na cena criada, o fantasma de uma mulher questiona o porquê da existência de criminosos. “Isso vai de encontro com a nossa formação do Brasil. Eu não consigo imaginar qual será o futuro se não valorizarmos a cultura e a educação.”

Para Bones, Real pretende “realizar a realidade” por meio de cenas de ficção. “Ao experimentar essas tragédias no palco, potencializamos o real, para discutirmos e refletirmos sobre o tempo presente.”

REAL: TEATRO DE REVISTA POLÍTICA
Itaú Cultural. Av. Paulista, 149. Tel.: 2168-1776. 5ª a sáb., 21h; dom., 19h. Grátis. Até 22/11.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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