O grupo separatista ETA, que durante décadas recorreu à luta armada para defender a emancipação da região basca (que inclui uma parte do norte da Espanha e outra do sul da França), completou o seu processo de desarmamento, informou neste sábado uma comissão internacional.
Um grupo de mediadores disse ter recebido informações sobre a localização das armas, munições e explosivos do ETA e imediatamente forneceu informações a autoridades francesas, que, segundo esses mediadores, disseram que irão garantir e recolher as armas.
“A comissão acredita que este passo constitui o desarmamento da ETA”, disse Ram Manikkalingam, um dos mediadores da Comissão de Verificação Internacional, cujos membros incluem ex-funcionários do governo. Manikkalingam não forneceu detalhes sobre o local ou número de armas.
“É o último grupo armado autóctone na Europa”, disse Manikkalingam, que estava também envolvido no processo de paz do Sri Lanka. “Espero que este passo importante ajude a consolidar a paz na sociedade basca”.
A entrega de armas ocorreu mais de cinco anos depois que o ETA declarou um cessar-fogo para encerrar sua campanha por um Estado independente. Estima-se que atos violentos do grupo resultaram em cerca de 800 mortes. A última vítima do ETA foi morta em 2010. O governo dos EUA designa o ETA como uma organização terrorista.
Os partidos políticos bascos afiliados ao ETA tentam distanciar-se do passado violento do grupo e alargar o seu apelo eleitoral, semelhante aos esforços do Sinn Féin para se distinguir do Exército Republicano Irlandês, o IRA, na sigla em inglês.
Mas ao contrário da questão irlandesa, sobre a qual Londres, Dublin e os partidos políticos locais negociaram um acordo de paz, o desarmamento do ETA é unilateral. Ocorre depois de a polícia espanhola e francesa prenderem muitos membros, invadirem os arsenais do grupo, e também como reflexo de uma redução gradual da tolerância dos espanhóis com a violência do grupo.
O governo espanhol, liderado pelo primeiro-ministro conservador Mariano Rajoy, expressou dúvidas de que o ETA divulgaria todos os detalhes sobre suas armas e se recusou a negociar com o grupo, exigindo que, além do desarmamento, eles se dissolvam formalmente. O grupo, no entanto, se recusou a fazê-lo, em parte por lealdade às centenas de membros que ainda prestam penas de prisão em Espanha. Fonte: Dow Jones Newswires.