Grupos que pretendem ir às ruas nos atos convocados pelo presidente da República, Jair Bolsonaro, no 7 de Setembro se anteciparam e desembarcaram em Brasília já no fim de semana. Acampamentos foram montados em dois locais diferentes da capital federal e alguns simpatizantes foram à Esplanada no domingo ostentar faixas de apoio a Bolsonaro, com ataques ao Supremo Tribunal Federal (STF) e até pedindo intervenção militar.
Um dos locais de concentração é o Centro de Tradições Gaúchas (CTG) Jayme Caetano Braun, no Setor de Clubes Esportivos Sul, a pouco mais de 5 km do local onde ocorrerão os atos de terça-feira.
Apoiadores estacionaram ônibus, trailers, motocicletas, carros e armaram barracas no local para aguardar a manifestação. O outro fica mais afastado, a cerca de 30 km da Esplanada, no Parque Leão, em Recanto das Emas, região administrativa de Brasília.
Com temperaturas chegando a 33ºC e clima seco, alguns optaram por estender as redes sob as árvores. Outros decidiram enfrentar o sol e foram até o local da manifestação, na Esplanada dos Ministérios, para "esquentar" o ato. O número de apoiadores de Bolsonaro nas ruas era pequeno, mas a tendência é que aumente até a terça-feira.
Pelas ruas de Brasília, ambulantes aproveitaram o clima e vendiam bandeiras do Brasil, de Israel e do Rio Grande do Sul – as maiores saíam a R$ 120 e a pequena, a R$ 40.
Na Esplanada, a maioria dos manifestantes ficou em frente ao Congresso Nacional, com bandeiras do Brasil e faixas pedindo intervenção.
"Queremos o presidente Bolsonaro no poder", dizia uma das faixas, apesar de ele estar no cargo desde janeiro de 2019.
Além disso, faixas "autorizavam" o presidente a intervir no Legislativo e no Judiciário.
Em um vídeo publicado nas redes sociais, um grupo aparece em frente à sede do STF pedindo ao chefe do Planalto para usar a "pólvora" e promover uma "faxina geral" no tribunal. "O povo exige a intervenção militar com Bolsonaro no Poder", dizia outro cartaz em frente ao Congresso, com os dizeres em inglês logo abaixo "The people demand military intervent on with Bolsonaro in power".
<b>Inquérito</b>
O ministro do STF Alexandre de Moraes abriu um inquérito para investigar atos antidemocráticos durante a organização da manifestação e tem sido o principal alvo das críticas e ataques bolsonaristas.
No sábado, 4, Bolsonaro discursou em Brasília, renovou ataques a integrantes do STF e afirmou que não queria "retrato" dele ou de nenhum político na manifestação.
Bandeiras e faixas com a foto de Bolsonaro, no entanto, eram frequentes nas mãos e nos veículos dos manifestantes.
<b>Hotéis</b>
Além dos veículos e das barracas, a estada de outros bolsonaristas em Brasília tem sido mais luxuosa. Conforme o jornal O Estado de S. Paulo mostrou no sábado, 4, os hotéis de Brasília, que tradicionalmente ficam vazios nos feriados, estão com lotação máxima para os próximos dias.
A Associação Brasileira da Indústria de Hotéis do Distrito Federal (Abih-DF) aponta para uma ocupação de quase 100% nesta segunda-feira e no dia 7.
<b>Segurança</b>
Por enquanto, os apoiadores que chegaram à capital aproveitam para circular pelas vias de Brasília, buzinar, ostentar bandeiras e gritar para outros motoristas no trânsito. A circulação de veículos só será interrompida na Esplanada no dia da manifestação, de acordo com o governo do Distrito Federal.
Para reforçar a segurança, as autoridades do DF decidiram separar os manifestantes pró-governo, que ficarão na Esplanada dos Ministérios, dos críticos de Bolsonaro, que devem se concentrar na Torre de TV a partir da manhã de terça.