Estadão

Água de propriedades particulares vai abastecer cidade do interior de SP

O município de Itu, no interior de São Paulo, vai usar água de dez represas particulares para auxiliar no abastecimento de seus 175 mil moradores. A medida, preventiva, leva em conta a estiagem que atinge a região e o inverno atípico, marcado por ondas de calor. O recurso será utilizado por 120 dias, mas pode ser prorrogado caso a seca se prolongue.

A cidade tem um histórico de crises no abastecimento. Na mais grave, em 2014, teve 300 dias de racionamento drástico.

O decreto requisitando a água de propriedades particulares foi publicado no Diário Oficial do Município no último dia 17. A justificativa cita "o aumento significativo das temperaturas, especialmente na época de estiagem, que pode gerar redução de oferta de água que abastece a população".

O prazo previsto para a captação das represas vai até o final de dezembro deste ano. A retirada de água vai começar pelos mananciais localizados na região da bacia do Itaim. O reservatório usado para fornecimento de água de parte do centro da cidade está atualmente com 40% da sua capacidade e será reabastecido com água dessas represas particulares.

Conforme o superintendente da Companhia Ituana de Saneamento (CUS), Reginaldo Santos, a captação servirá para regularizar a vazão desse reservatório. Ele descartou o risco de racionamento ou rodízio.

A cidade está sem chuva significativa (acima de 15 mm) há quase 120 dias. Além disso, a região enfrenta uma onda de calor com temperaturas acima de 35 graus, o que aumenta o consumo de água.

Atualmente, os reservatórios que abastecem Itu estão com 78% da capacidade, mas de forma desigual. Além da requisição das represas particulares, o município reforçou a fiscalização contra o desperdício de água. Quem for flagrado lavando quintal, carro ou calçadas com mangueira, por exemplo, fica sujeito a uma multa de R$ 573,90.

<b>Déficit no abastecimento</b>

Itu tem um histórico de déficit no abastecimento, situação que melhorou apenas recentemente, com novos sistemas de captação. Em 2014, durante os dez meses de racionamento, caminhões-pipas passaram a circular com escolta policial, depois que vários deles foram cercados e saqueados pela população. Moradores fizeram estoques de água em galões e passaram a usar baldes para se banhar.

A cidade voltou a conviver com o racionamento nos anos seguintes – o último, em 2021, durou cerca de 60 dias. Conforme Santos, a solução definitiva para o abastecimento deve acontecer com a entrega, em 2024, do sistema Utu-Guaçu, com capacidade para 600 litros de água por segundo.

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