Dois dias após operação que acabou com a “favelinha” – barracas armadas pelos usuários de crack – na cracolândia, a Prefeitura montou ontem bloqueios nas principais vias da área e a Guarda Civil Metropolitana vistoriou bolsas e sacolas de pedestres que queriam passar pela região, na tentativa de controlar a entrada de drogas.
Para impedir a passagem de veículos, cones foram colocados na esquina das Alamedas Dino Bueno e Cleveland e uma faixa zebrada entre a Cleveland e a Rua Helvétia, próximo da Praça Júlio Prestes. Somente viaturas da Polícia Militar e da GCM e caminhões de limpeza da Prefeitura puderam circular.
Além de fiscalizar sacolas e mochilas de pedestres, a GCM também barrou ao longo do dia a passagem de carrinhos de supermercado, carroças e qualquer outro material que pudesse ser usado para a remontagem das barracas. O Estado presenciou a recusa de um homem à revista da mochila pelos guardas-civis metropolitanos. O GCM chegou a retirar a arma de choque da cintura no momento da abordagem, mas o rapaz acabou cedendo.
Segundo o inspetor da GCM, Donizete da Cruz, comandante da operação, não há previsão para a liberação das vias. “As principais entradas foram bloqueadas para que não entrem nem carrinhos nem veículos. Não é para fazer barraco nem moradia de novo”, afirmou.
Como estratégia para evitar a volta das barracas e conseguir finalizar as obras de revitalização da Praça Júlio Prestes, a Prefeitura também cercou com tapumes o pedaço antes povoado de dependentes químicos. Anteontem, apesar da proibição da Prefeitura, era possível ver homens e mulheres empurrando carrinhos de supermercado de um lado para o outro. Questionado, Cruz disse que a GCM “estava tolerando (na quinta)”, mas desde ontem “é tolerância zero”.
Depois da remoção das barracas da “favelinha”, a Guarda Civil Metropolitana dobrou o efetivo na região em relação aos meses anteriores, segundo o comandante Gilson Menezes. A GCM tinha ontem 180 homens na região.
Ação desorganizada
A operação de desmonte da “favelinha” foi feita na quarta-feira. A ação, que estava sendo organizada por Estado e Prefeitura, foi iniciada pela gestão Fernando Haddad (PT) sem aviso prévio.
A Prefeitura alegou que a Polícia Militar não foi chamada para evitar ações violentas ou repressivas, “conforme pactuado com as lideranças locais”. A meta era repetir uma ação de janeiro de 2014, do programa De Braços Abertos, quando 150 moradias de rua foram desmontadas pacificamente pelos próprios moradores. Mas a operação desta semana teve momentos tensos, a PM foi acionada e dois moradores de rua ficaram feridos.