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Guardiola ironiza acusações que poderiam rebaixar o City: Se formos, voltaremos

As acusações de que o Manchester City teria violado regras financeiras ao longo dos últimos oito anos, infração passível de duras punições, não incomodam o técnico Pep Guardiola. Em entrevista coletiva nesta sexta-feira, ele disse acreditar na inocência do clube, garantiu que não tem interesse em abandonar o cargo por causa da situação e mostrou-se indiferente à possibilidade de punições que poderiam levar o time para divisões inferiores do Campeonato Inglês.

"Você tem que ir para a segunda, terceira divisão… não, não o suficiente, talvez para a quinta. Já estivemos em divisões inferiores, se voltarmos para lá não será um problema para nós. Talvez a gente ligue para Paul Dickov e Mike Summerbee e voltaremos, tenho certeza, se formos para lá", ironizou o treinador, lembrando de jogadores que ajudaram a fazer o City ascender no sistema de ligas do país.

O Manchester City é acusado pela Premier League, liga responsável pelo Campeonato Inglês, de violar uma série de regras financeiras entre 2009 e 2018, período no qual o clube se consolidou como uma das principais forças do futebol inglês e europeu após sua aquisição pela família governante de Abu Dhabi, nos Emirados Árabes. Ferir as regras do fair play financeiro na Europa pode causar sanções como perda de ponto e até rebaixamento.

A forma como a acusação foi repercutida pela imprensa inglesa incomodou Guardiola, que lembrou de uma denúncia parecida levantada pela Uefa em 2019 para pedir que não sejam tiradas conclusões precipitadas. Na época, a entidade máxima do futebol europeu abiru uma investigação para apurar violações financeiras do clube.

"Já estamos sendo condenados", disse o treinador espanhol. "O que aconteceu esta semana, é o mesmo que aconteceu com a Uefa – tivemos uma suspeita na época, agora temos apenas acusações. Como haviam me dito anteriormente, o clube provou que éramos completamente inocentes. Por que não deveríamos pensar que somos inocentes agora?", completou.

Ele também criticou a postura dos outros clubes do Campeonato Inglês por se posicionaram contar o Manchester City. Na sua avaliação, agem assim por interesse próprio. "Você tem que entender que os 19 times da Premier League estão acusando sem nos deixar ter a oportunidade de defender", afirmou. "Não há inimigos ou amigos, apenas interesses. Eles querem tomar a nossa posição (na Liga dos Campeões)", completou

ACUSAÇÕES
A Premier League divulgou, na segunda-feira, um longo comunicado detalhando uma lista de supostas violações de regulamentos do Manchester City após uma investigação de quatro anos, cobrindo um período em que o time conquistou três títulos ingleses (2012, 2014 e 2018).

O City ainda é acusado de não fornecer "informações financeiras precisas que forneçam uma visão verdadeira e justa da posição financeira do clube nesse período" entre 2009 e 2018 ou fornecer "detalhes completos sobre a remuneração dos gerentes em seus contratos relevantes" de 2009 a 2013. Antes da acusação, a Premier League fez uma série de investigação das contas do clube.

Outras supostas infrações incluem o não cumprimento dos regulamentos da Uefa de 2013 a 2018, regras de lucratividade e sustentabilidade da Premier League de 2015 a 2018 e falta de cooperação na investigação da liga desde dezembro de 2018 até os dias atuais. A liga inglesa, uma das mais fortes e ricas do mundo, disse que encaminhou as acusações a uma comissão independente antes de uma audiência confidencial.

O Manchester City pode estar em risco de punição severa de agora em diante. O clube ainda não se manifestou. O livro de regras da Premier League dá a uma comissão disciplinar poderes para impor uma série de sanções, além do escopo mais amplo de "qualquer outra penalidade que julgar adequada". O maior temor dos clubes nessa condição é ser rebaixado.

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