Nas encostas de morros, margens ou sobre rios e córregos. Sem se importarem com o risco que correm, guarulhenses desafiam a engenharia e a natureza por uma moradia. O HOJE percorreu diversos bairros da cidade e encontrou desde casas literalmente penduradas em morros até favelas que determinam o curso de rios.
Próximo ao Centro de Detenção Provisória (CDP) II, moradores da comunidade Baquirivú abrem suas janelas e tem como paisagem mais próxima o rio homônimo. Em janeiro, três casas cederam com a erosão da margem.
Com o desmoronamento, o vigia André Santos, 32, foi obrigado a recuar sua casa na comunidade que conta com apenas uma passagem de cerca de 50 centímetros de largura para entrada e saída dos moradores. "O governo só pensa no próprio umbigo. Eles poderiam oferecer uma linha de crédito para financiarmos uma casa. Tentei financiar uma de R$ 60 mil e não consegui, mas um carro sim", ironiza Santos, contemplado por aluguel social de R$ 600.
Segundo o último levantamento da Secretaria Estadual de Habitação, divulgado em 2010, Guarulhos tem 378 ocupações e 27 loteamentos irregulares. A Prefeitura não informou até o fechamento desta edição o número atualizado de favelas na cidade.
Resistência – Na divisa da Vila Galvão com o Jaçanã, bairro da Capital, uma favela é o símbolo da resistência às forças da natureza. Com a forte chuva que caiu na cidade na tarde de desta segunda-feira, casas de alvenaria dentro de um rio resistiam bravamente à força das águas e determinavam o curso de acordo com as construções.
Logo ao lado, as águas já invadiam o acesso à comunidade, mas não impediam os moradores de atravessa-las para chegar em suas casas. No Cabuçu, à beira da avenida Pedro de Souza Lopes, recentemente a Prefeitura removeu famílias, mas os destroços das casas permanecem à beira da rodovia, assim como uma tubulação antiga de esgoto, que cedeu no final do ano com as chuvas de verão.