O polêmico “superferiado”, decretado pela Prefeitura de São Paulo, com a antecipação de 5 datas comemorativas deste e do próximo ano, para garantir uma paralisação de 10 dias seguidos nas atividades na capital paulista, a partir desta sexta-feira, 26/03, segue dividindo opiniões, principalmente entre administradores e o setor produtivo. Guarulhos e as demais cidades do Alto Tietê decidiram em reunião do consórcio Condemat no último domingo que não iriam aderir à antecipação promovida pelo prefeito paulistano Bruno Covas. Mas uma nova reunião está marcada para esta terça-feira, 23, para uma decisão final.
A parada forçada seria a forma de barrar a expansão do novo coronavírus, que bate recordes seguidos de novos casos e em mortes nas últimas semanas. No domingo, durante a reunião com o Condemat, ao votar contra a antecipação dos feriados junto a outros 5 colegas do Alto Tietê, Guti declarou que a decisão, qualquer que seja, deve ser em bloco, para que todos municípios da região metropolitana sigam a mesma linha de ação. Para ele, não tem como Guarulhos não aderir se a Capital e todos os demais decidirem pelo feriado.
Vale salientar que todo o Estado já se encontra na fase vermelha, o que impõe uma série de restrições de abertura de comércios e serviços, travando a economia e promovendo outros tipos de problemas. As prefeituras, no entanto, vêm encontrando sérias dificuldades para manter a fiscalização na rua, a fim de autuar quem insiste em infringir as regras impostas. Nem mesmo as aglomerações, principalmente em festas clandestinas, pararam, gerando mais ônus às administrações municipais, que são obrigadas a colocar um grande contingente nas ruas em busca dos transgressores.
Há que se salientar que a adesão ao “superferiado”, por decreto, não muda o comportamento de quem, por diferentes motivos, ignora as regras estabelecidas. Existe o risco de mais gente, confinada em suas casas, ir para as ruas em busca de atividades. As prefeituras por sua vez seguirão sobrecarregadas com as ações voltadas ao atendimento médico. A falta de pessoal, devido ao afastamento de uma grande quantidade de servidores municipais, não irá mudar. Em Guarulhos, a situação é ainda pior, já que desde janeiro a Prefeitura perdeu cerca de 1.100 funcionários em comissão e encontra mais dificuldades ainda para realizar até mesmo ações administrativas e de apoio.
O “superferiado” encontra também grande resistência do setor industrial, que não parou e se apresenta sem condições de paralisar as atividades produtivas neste momento, já que grande parte delas trabalha para manter a economia girando e fornecendo os mais diferentes produtos para o consumo da população. A rede bancária, cujo sistema é nacional, já anunciou que não irá parar. Ou seja, a antecipação dos feriados não encontra eco no argumento de diminuição na circulação de pessoas.
Por enquanto, além da Capital, as cidades do ABC anunciaram também que irão ter a antecipação de feriados, mas a partir de sábado. Todos devem retornar a partir de 4 de abril. Já as cidades da Baixada Santista, temendo um previsível êxodo de paulistano para as praias, sabiamente se anteciparam e decretaram lockdown já a partir desta terça-feira. Por lá, é tudo fechado. Somente atividades extremamente essenciais podem abrir, mas mesmo assim com regras bastante restritivas. Até o transporte público municipal vai ter atendimento limitado a profissionais da saúde.