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Guarulhos está entre cidades mais poluídas de São Paulo

Apesar do Decreto de 2013 que alterou a quantidade máxima do poluente, o número é o dobro do preconizado pela OMS. Guarulhos está em 4o lugar, com média anual de 41,17µg/m³ em 2006, mas caindo para quase 25µg/m³ em 2009.

Um estudo realizado pelo Instituto Saúde e Sustentabilidade, com dados da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo, a CETESB – órgão responsável pela medição de poluentes no Estado – revelou que todos os 29 municípios do Estado de São Paulo que possuem estação para medir a poluição atmosférica estão com os níveis de MP2,5 acima dos preconizados pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Guarulhos está em 4o lugar chegando a registrar média anual de 41,17µg/m³ em 2006, mas caindo para quase  25µg/m³ em 2009. O limite, segundo a OMS, é uma média anual de 10µg/m³. O estudo foi realizado entre 2006 e 2011 e são os dados mais recentes divulgados sobre o assunto.

Vale destacar que, ao contrário do que muitas pessoas pensam, o estudo mostra que a cidade de São Paulo não lidera o ranking, mas sim, Cubatão. Em seguida estão Osasco, Araçatuba,  Guarulhos (dados de 2009),  Paulínia,  São  Bernardo  do  Campo,  Santos,  São  José  do  Rio  Preto,  São  Caetano  do  Sul,  Taboão  da  Serra  e Mauá.

 O MP2,5 (material particulado fino) é uma poeira fina emitida principalmente por veículos, indústrias e queima de cana-de-açúcar.   “No corpo humano, essa partícula  tem  efeitos causadores de doenças respiratórias, doenças isquêmicas cardiovasculares e cerebrovasculares e câncer de pulmão”, alerta Evangelina Vormittag, responsável pelo estudo e presidente do Instituto Saúde e Sustentabilidade. Em 2011, a Região Metropolitana de São Paulo registrou 26.735 internações devido a estes problemas de saúde, gerando gastos de R$ 41.270.422 aos cofres públicos. Dessas internações, 7.611 correspondem a doenças respiratórias em adultos e 9.507 a doenças cardiovasculares. No Estado de São Paulo, foram 68.499 internações públicas.

Outra informação revelada pela análise são os efeitos da poluição atmosférica na saúde de duas maneiras: mortalidade atribuível e o DALY (Disability Adjusted Life Years) que possui dois componentes: o número de anos perdidos por morte precoce e o número de anos de vida vividos com incapacidade. Este é um parâmetro criado pela OMS para apontar a carga de dano de doenças no mundo. Essa medida não indica apenas a mortalidade, mas também a perda de qualidade de vida por doenças respiratórias, cardiovasculares e câncer de pulmão atribuíveis à poluição atmosférica – especificamente o poluente material particulado fino, objeto do estudo. No Estado de São Paulo em 2011, foram 17.443 mortes  sendo na Região Metropolitana 7.932.

Segundo a OMS, os limites máximos anuais de MP2,5 devem ser de uma média 10µg/m³. No entanto, mesmo com o Decreto 59.113/2013, que reduziu  o  padrão  paulista,  ainda  significa  o  dobro  desta quantidade quando se trata da média anual e mais que o dobro quanto se trata da média diária, 20 µg/m³ e 60 µg/m³, respectivamente. Nenhum dos 29 municípios que participaram do estudo por terem estações de medição apresentou um nível dentro dos limites preconizados pela OMS. "Esta conclusão é alarmante, pois o Brasil está absolutamente fora do padrão mundial e não há políticas públicas para a resolução desse problema", lamenta Evangelina.

 

Instituto Saúde e Sustentabilidade

O Instituto Saúde e Sustentabilidade é uma organização que detém a qualificação de OSCIP (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público), idealizado em 2008 pela médica Evangelina da Motta P. A, de Araujo Vormittag. Tem como objetivo propiciar a melhoria da saúde humana e o viver nas grandes cidades por meio da transformação do conhecimento científico em informação clara e acessível, do incentivo à mobilização social e da construção de políticas públicas. O Instituto tem sede em São Paulo e conta com o apoio de 65 fundadores, entre médicos e profissionais de diversas áreas. www.saudeesustentabilidade.org.br

 

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