Guarulhos inaugurou oficialmente na manhã desta quinta-feira (17), a sua segunda Residência Terapêutica (RT) para abrigar pacientes da cidade que passaram as últimas décadas confinados em Hospitais Psiquiátricos. O novo serviço, que começou a funcionar no dia 16 de abril passado na rua Cônego Ezequias nº 317, na Vila Rosália, constitui-se como alternativa de moradia para acolher pessoas egressas de internações psiquiátricas de longa duração, que possuem transtornos mentais e não têm familiares ou suporte social.
“Hoje é um dia feliz. É muito gratificante entregar um serviço como esse e saber que estamos no caminho certo”, disse o prefeito. Guti também agradeceu aos proprietários do imóvel locado, que fizeram todas as adaptações necessárias para abrigar a RT. “Vocês foram além da questão comercial; colocaram amor ao projeto. A casa que vocês viveram durante muito tempo agora está sendo destinada a uma tarefa tão nobre e bonita”, destacou.
Mobiliada com doações da sociedade, a Residência Terapêutica Cantareira tem capacidade para acolher 10 pessoas e já recebeu sete moradores: três mulheres e quatro homens, sendo dois cadeirantes. Todos eles são oriundos de grandes hospitais psiquiátricos da região metropolitana de Sorocaba, onde permaneceram por cerca de 20 a 30 anos internados. A proposta do serviço é que, a partir de agora, eles tenham uma vida confortável e sejam inseridos na sociedade.
Para auxiliá-los nesse resgate e nas atividades do dia a dia, a Residência Terapêutica possui atualmente cinco auxiliares de enfermagem, sendo três durante o dia e dois à noite, número que deverá subir para sete quando chegar os outros três moradores. Criados como modalidade assistencial substitutiva à internação psiquiátrica prolongada, os Serviços Residenciais Terapêuticos podem comportar no máximo 10 pessoas.
“É uma satisfação entregar um serviço com essa característica. Sabemos que a Região do Alto Tietê está encontrando enormes dificuldades para implantar Residências Terapêuticas e a Prefeitura de Guarulhos aceitou o desafio de, por gestão própria, implantar essa ação de resgate de dignidade, de trazer de volta os moradores da nossa cidade e tratar com o devido respeito, consideração, carinho e assistência técnica que todos eles precisam”, explicou o secretário de Saúde, Ségio Iglesias.
Na última quarta-feira, dia 16, os moradores receberam a visita do cabeleireiro João Franco e sua equipe de manicures e depiladores que, voluntariamente, cuidaram do penteado, mãos, pés e beleza dos assistidos.
Estrutura física
A Residência Terapêutica Cantareira possui quatro quartos, banheiros com acessibilidade, sala, cozinha, varanda e área externa com jardim. “Tem sido um grande desafio, mas certamente esse novo serviço constrói na história de Guarulhos uma marca importante, de como queremos e podemos atender e cuidar das pessoas”, destacou Fernanda Ramos Ferreira, oordenadora da Rede de Atenção Psicossocial da Secretaria de Saúde.
Cuidado humanizado
As Residências Terapêuticas Funcionam em casas inseridas na comunidade e, geralmente, são vinculadas a um Centro de Atenção Psicossocial, como é o caso da RT Cantareira que conta com o respaldo do CAPS II Osório César, cuja equipe de médicos e demais profissionais ficarão responsáveis pela avaliação, acompanhamento e o desenvolvimento de projetos terapêuticos singulares. Além disso, o serviço conta com o apoio das demais unidades de Saúde do território onde está inserido, em conformidade com a Lei Federal nº 10.216/ 2001.
A norma, que define as diretrizes de atenção e cuidado às pessoas em sofrimento psíquico no Brasil, estabelece que a Rede Psicossocial deve implantar serviços de qualidade com equipes multiprofissionais para o cuidado humanizado, organizados em rede, para a promoção da assistência em saúde com maior qualidade de vida. O objetivo é ampliar o bem-estar, o exercício da cidadania, resgatando vínculos e estabelecendo novos laços de contato, afeto e cuidado.
“Dessa forma, o município cumpre uma importante etapa no processo de desinstitucionalização, para a garantia de direitos e o cuidado em liberdade das pessoas em sofrimento psíquico e transtornos mentais, as quais historicamente foram mantidas fechadas em internações prolongadas, na maioria das vezes, sem contato com a família ou amigos e completamente abandonadas pela sociedade”, explica a coordenadora da Rede de Atenção Psicossocial da Secretaria de Saúde, Fernanda Ramos Ferreira.