Cidades

Sabesp garante esgoto tratado a mais de 80 mil residências em Guarulhos neste ano

Guarulhos é um dos maiores exemplos desse avanço. Quando a Sabesp assumiu a operação em 2019, durante a gestão do ex-prefeito Guti (PSD), apenas cerca de 3% do esgoto coletado recebia tratamento. Hoje já está em 47%

Em seu primeiro ano completo de operação após a desestatização, a Sabesp anunciou ter superado as metas contratuais de expansão de saneamento para o biênio 2024-2025, impulsionada por um volume de investimentos sem precedentes e uma aceleração operacional quatro vezes mais rápida em relação aos tempos de empresa pública.

A companhia avança em seu compromisso de universalizar os serviços de água e esgoto em 371 municípios até 2029, antecipando em quatro anos o prazo do Marco Legal do Saneamento. Os resultados serão auditados pela Agência Reguladora de Serviços Públicos do Estado de São Paulo (Arsesp).

Guarulhos é um dos maiores exemplos desse avanço. Quando a Sabesp assumiu a operação em 2019, durante a gestão do ex-prefeito Guti (PSD), apenas cerca de 3% do esgoto coletado recebia tratamento. Em 2023, o índice havia subido para aproximadamente 25% e, ao fim de 2025, alcança 47%, praticamente dobrando em dois anos. A cidade segue em trajetória firme para universalizar a coleta e o tratamento de esgoto até 2029, dentro do prazo contratual, firmado na gestão passada.

De janeiro de 2024 até novembro de 2025, a Sabesp conectou mais de 30 mil residências à rede de distribuição de água em Guarulhos — 9 mil delas em áreas informais que, antes do novo contrato, não podiam ser atendidas. No mesmo período, o avanço no esgotamento sanitário também foi expressivo: cerca de 46 mil domicílios passaram a contar com coleta de esgoto regular, incluindo 18 mil ligações em comunidades que antes da desestatização estavam fora do alcance da rede por restrições contratuais. Além disso, mais de 80 mil residências passaram a ter seu esgoto tratado, representando um salto histórico na cobertura e na melhoria ambiental do município.

A história de Viviam Silva, de 48 anos, líder comunitária em Guarulhos, simboliza essa transformação. Por uma década, ela cuidou de uma rede de água improvisada para sua comunidade. “Com frequência, dona Viviam se via afundada até a cintura na lama para resolver algum problema”, relata um morador. Recentemente, a Sabesp concluiu a ligação oficial de água para as 283 famílias da região, um marco que representa o fim de uma longa batalha por dignidade.

O município é um dos maiores polos de obras da Sabesp na Região Metropolitana, fruto de um conjunto de investimentos que somará R$ 4,5 bilhões até 2029, sendo R$ 2,3 bilhões em obras já em execução somente em 2025. Até 2060, o total chegará a R$ 11 bilhões.

Desde a privatização, em julho de 2024, a empresa conectou mais de 1,06 milhão de residências à rede de tratamento de esgoto nas 371 cidades atendidas, beneficiando diretamente 2,9 milhões de pessoas. O resultado, segundo o CEO Carlos Piani, valida o novo modelo de gestão e posiciona a Sabesp para enfrentar os desafios futuros, incluindo a ambiciosa meta de realizar mais de 4 milhões de novas conexões até o final de 2026. “Marcamos o primeiro ano deste novo contrato com 100% do alcance das metas, refletindo um trabalho incansável de todos os profissionais da Sabesp. Estamos no caminho certo para alcançar a universalização”, afirmou Piani.

O ritmo das obras é um dos principais indicadores do sucesso da nova fase. A companhia conecta, em média, 2.400 domicílios por dia. “Para efeito de comparação, o Programa Novo Rio Pinheiros, um dos maiores projetos de saneamento da história de São Paulo, levou três anos e meio para conectar 650 mil domicílios. Nós fizemos esse mesmo número em apenas 10 meses”, destacou o CEO. Esse esforço é sustentado por uma força de trabalho massiva, com mais de 32 mil trabalhadores indiretos nos canteiros de obras, número que deve chegar a 40 mil no pico das atividades. Os resultados detalhados da expansão mostram que, além do tratamento de esgoto que alcançou 1,06 milhão de lares, a coleta de esgoto foi estendida para 762 mil residências, beneficiando 2,07 milhões de pessoas, e o abastecimento de água tratada chegou a 645 mil novos imóveis, impactando 1,75 milhão de vidas.

Os resultados ambientais já são visíveis. A mancha de poluição no Rio Tietê diminuiu em 33 quilômetros, uma redução de 15,9% em um ano, segundo a Fundação SOS Mata Atlântica. Dos 63 bilhões de litros de esgoto que eram despejados por mês sem tratamento adequado – o equivalente a 25 mil piscinas olímpicas –, a Sabesp já conseguiu tratar 10 bilhões de litros, um avanço crucial para a recuperação dos corpos d’água do estado.

A desestatização também permitiu que a Sabesp expandisse sua atuação para áreas rurais e informais, antes inacessíveis por restrições contratuais. Foram quase 163 mil residências ligadas à rede de esgoto e mais de 105 mil conectadas ao sistema de distribuição de água em zonas afastadas do centro, com moradias informais ou áreas rurais. Isso significa que aproximadamente mais 285 mil pessoas dessas áreas passaram a contar com água tratada e mais de 443 mil a ter seu esgoto coletado, substituindo fossas artesanais e o descarte irregular de resíduos.

Com as metas iniciais superadas, o desafio se torna ainda maior. Para 2026, a Sabesp precisa realizar mais de 2 milhões de novas conexões, totalizando mais de 4 milhões acumuladas desde 2024. Piani reconhece que a fase final do processo será a mais difícil, pois envolve as ligações mais remotas e complexas. O sucesso do modelo de gestão, que combina metas ambiciosas com uma estrutura de financiamento robusta, pode, segundo ele, servir de exemplo para outras regiões do Brasil que ainda enfrentam um grande déficit de saneamento. “Nosso sucesso pode servir de case para outros estados. Acreditamos que nosso desempenho vai influenciar outros a adotarem modelos semelhantes”, concluiu.

Para proteger o consumidor final das correções tarifárias relativas ao alto volume de investimentos, o modelo contratual previu a criação de um mecanismo financeiro inédito: o Fundo de Apoio à Universalização (FAUSP). O mecanismo foi criado com um aporte inicial de R$4,4 bilhões do governo de São Paulo, correspondente a 30% dos recursos obtidos com a venda de sua participação na Sabesp. Além disso, o fundo é continuamente alimentado com 100% dos dividendos futuros da participação remanescente de 18% do governo do Estado na companhia. Na prática, o FAUSP e outras mudanças regulatórias permitiram à Sabesp ter a receita necessária para os investimentos, com um aumento tarifário regulatório superior a 10%, enquanto o reajuste para o consumidor final é amortecido, ficando próximo à inflação, em 6,11% no último período. “O governo criou esse mecanismo para garantir que a tarifa ao consumidor não suba mais do que subiria no modelo público. É uma engenharia que permite amortecer o impacto tarifário, especialmente no início, quando os investimentos são maiores”, esclarece Piani.

O cumprimento das metas contratuais da Sabesp em direção à universalização do saneamento em São Paulo pode ser acompanhado por meio do site da companhia: sabesp.com.br/acompanheofuturo.

 

Balanço das 371 cidades

Água

645.749 conexões de água [meta geral de 435.844]

540.710 em áreas urbanas + 105.039 em áreas informais ou rurais

Esgoto

762.601 conexões à rede de coleta de esgoto [meta geral de 588.427

598.967 em áreas urbanas + 163.634 em áreas informais ou rurais

1.060.881 domicílios com tratamento de esgoto