Opinião

Guarulhos precisa mais dos trens regionais do que do TAV

Passadas as eleições, volta à discussão a importância da construção do Trem de Alta Velocidade (TAV), conhecido como trem bala, entre São Paulo e Rio de Janeiro, com paradas nos aeroportos de Viracopos, em Campinas, e Cumbica, em Guarulhos.

O alto custo da obra e necessidade de investimentos por parte da iniciativa privada, aliados à necessidade de desapropriações em áreas de grande adensamento habitacional e por muitas empresas, são apontados como principais empecilhos. A obra, bastante defendida pela presidente eleita Dilma Rousseff (PT) como uma grande necessidade do País, chegou a ser considerada inútil pelo candidato da oposição, José Serra (PSDB), que garantia ser necessário priorizar investimentos em Metrô nas principais cidades brasileiras. Surge neste momento, por iniciativa do governador eleito de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), uma posição que pode conciliar diferentes interesses e que pode se tornar muito mais viável. Seria a ligação por meio do TAV apenas entre São Paulo e Rio, mas sem paradas nem em Campinas, nem em Guarulhos. Em um primeiro momento, a ideia pode sofrer resistência de segmentos do município, por entenderem que seria uma perda para Guarulhos a falta de uma estação na cidade. Porém, pelo projeto de Alckmin, os dois aeroportos seriam atendidos por trens regionais, como o Expresso Aeroporto até Guarulhos e um similar até Campinas, com ligações diretas até a estação do TAV, que faria a conexão ao Rio de Janeiro. Desta forma, a iniciativa privada – principal responsável pelos investimentos necessários – se sentiria mais atraída tanto para o trem bala como para os expressos regionais. Talvez esta fórmula realmente faça com que o TAV seja viabilizado de fato. Guarulhos seria amplamente beneficiada, já que não precisaria ser rasgada numa grande faixa ao lado da rodovia Dutra, com desapropriações que poderiam até afastar grandes empresas instaladas nesta região. Desta forma, seria importante que as lideranças políticas e empresariais guarulhenses, antes de considerar a proposta do governador eleito absurda, apenas por apontar um caminho diferente do projeto inicial defendido por Dilma, levem em consideração os benefícios para o município. Afinal, dependendo da forma como o tema for conduzido, a cidade corre o risco de ficar sem o trem bala, sem o Expresso Aeroporto e, pior, sem o Trem de Guarulhos. Vale ressaltar que Alckmin – diferente da postura do atual governador Alberto Goldman (PSDB) que, por ora, deixou de lado a continuidade dos projetos dos dois trens que ligarão Guarulhos a São Paulo – garante que irá implantar tanto o Expresso Aeroporto como o Trem de Guarulhos, que ligará a região do Cecap à linha Leste-Oeste do Metrô. Os projetos já estão prontos, as licenças ambientais obtidas. Falta apenas concluir o processo de licitação para dar à iniciativa privada a construção das linhas e exploração dos serviços. Se tudo der certo, até 2014, quando o Brasil recebe a Copa do Mundo, Guarulhos terá finalmente suas linhas férreas.

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