Obras abandonadas e inacabadas fazem parte do cenário guarulhense. Seja no Centro ou em bairros mais afastados, é possível ver imóveis pichados, com água parada, tapumes de madeira sem a fixação correta, mato alto, entre outros sinais do descaso de seus proprietários.
Tal quadro se torna ainda mais preocupante quando a Prefeitura admite que o município tem um déficit habitacional de 160 mil moradias, segundo dados de 2015.
O GuarulhosWeb visitou cinco locais com estas características e questionou a Prefeitura sobre o futuro destes prédios.
A situação que mais chamou a atenção foi a de um imóvel, de propriedade da família do ex-prefeito Néfi Tales, localizado na Rua Doutor Miguel Ferreira Vieira, no Jardim Zaira, região central de Guarulhos.
No dia em que a reportagem esteve no lugar, a garagem subterrânea estava completamente tomada pela água. Um ambiente com pelo menos dois metros de altura totalmente submerso pelo acúmulo de chuvas ao longo de décadas.
Apesar do cenário desolador, um agente da Zoonoses, presente na obra no mesmo dia em que a reportagem visitou o prédio, afirmou que o local não é considerado um foco do mosquito Aedes aegypti, responsável pela transmissão da dengue e outras doenças. Segundo ele, a Prefeitura realiza vistorias regulares no imóvel e promove o combate às larvas por meio de remédios e peixes que se alimentam delas.
Além deste espaço que seria destinado à garagem, os outros 15 andares da edificação também possuem água parada, mas em poças. De acordo com o agente, todos os ambientes da obra inacabada recebem tratamento periódico para evitar que ela se torne um criadouro de animais nocivos à população. Ainda segundo este servidor, todas as visitas da Zoonoses são feitas com o acompanhamento da GCM, que faz a segurança preventiva caso haja invasores no prédio.
O imóvel está envolvido em um imbróglio judicial. Faz parte do espólio do ex-prefeito e não há previsão para que a situação seja resolvida e o prédio receba nova destinação.
Vila Fátima
O que era para ser um shopping na Avenida Otávio Braga de Mesquita, na altura do número 400, na Vila Fátima, tornou-se um prédio abandonado com mato alto em todo o seu entorno.
Tapumes de madeira impedem uma melhor visualização do local, mas servem de suporte para pôsteres lambe-lambe com propagandas. Apenas a fachada do prédio fica visível para pedestres e motoristas que passam pela região.
Segundo a Prefeitura, o imóvel é uma construção irregular, devidamente submetida às reiteradas ações fiscalizatórias por parte do Executivo Municipal. “Portanto, o prédio não pode ser utilizado, sem que seja efetivada sua devida adequação à legislação municipal vigente, inclusive no que se refere às condições de segurança e estabilidade. Cumprido tais requisitos, a utilização que seria dada ao imóvel, passa diretamente pela necessidade e ou conveniência de seu proprietário”, disse a administração, em nota.
Jardim Vila Galvão
Situação semelhante acontece com dois prédios inacabados, que deveriam ser residenciais, na Avenida Emílio Ribas, nº 2423, no Jardim Vila Galvão. A Prefeitura informou que eles são particulares e que sofreram embargos e autuações por terem sido executados em desconformidade com a legislação.
“Por este motivo, as obras estão paralisadas, visando o interesse e a proteção da coletividade. A iniciativa de eventual regularização para a retomada das construções deverá ser feita pelos proprietários e/ou interessados, não tendo a Prefeitura alcance fiscalizatório para exigir tal providência”, justificou o Executivo.
O mesmo argumento foi utilizado para explicar a situação de uma obra inacabada na esquina da Rua Força Pública com a Avenida Tiradentes, no Centro, ao lado do Colégio Eniac. Em ambos os casos, sem a devida atenção dos proprietários, os imóveis viraram alvos fáceis de pichadores e não há nenhum tipo de manutenção periódica por parte dos seus donos.
Avenida Paulo Faccini
Das obras visitadas pelo GuarulhosWeb, o imóvel localizado na altura do número 155 da Avenida Paulo Faccini é o único que já tem um futuro definido. De acordo com a Prefeitura, a demolição do prédio já está em curso. É um prédio que fica entre a casa de show Kabala e a Avenida Monteiro Lobato.
“Esta ação é decorrente da expedição de competente Alvará de Demolição, aprovado pela Prefeitura, requerido por seu proprietário”, informou o Executivo.