O Aché e a Ferring inauguraram na manhã desta quarta-feira, 29, em Guarulhos o Nanotechnology Innovation Laboratory Enterprise (Nile), um laboratório de pesquisa e desenvolvimento que promete melhorar a qualidade de vida de pacientes transformando medicações injetáveis em comprimidos, por exemplo, a partir do uso de novas plataformas tecnológicas baseadas em nanotecnologia.
"Esse laboratório vai poder viabilizar sonhos de cientistas que visam à melhoria de medicamentos. Aqui pesquisamos novas tecnologias em medicamentos, cosméticos e alimentos", disse a presidente da Aché Laboratórios, Vânia Nogueira de Alcântara Machado.
O novo laboratório recebeu investimento de R$ 7 milhões e deverá iniciar estudos que objetivem ajudar pacientes oncológicos e diabéticos, entre outros, a realizarem seus tratamentos com menos efeitos adversos.
"Imagine o paciente fazer sua quimioterapia em casa. Esse é um dos nossos sonhos", disse em entrevista exclusiva ao GuarulhosWeb o especialista em nanotecologia Edson Bernes, em visita ao laboratório Nile, no complexo da Aché em Guarulhos.
Alan Harris, vice-presidente da Ferring e que encabeça o departamento de Pesquisa e Desenvolvimento no comitê executivo da Ferring Global, disse que com o laboratório será possível desenvolver medicamentos de ponta para pré-eclampsia e infertilidade.
"Vamos, pela primeira vez no Hemisfério Sul, produzir tecnologia e avançar na ciência. Abrir um novo laboratório é como ter um filho. Estamos entusiasmados com essa parceria", avaliou o vice-presidente da Ferring.
No que diz respeito ao mercado consumidor, as indústrias farmacêuticas Aché e Ferring esperam abocanhar só com pacientes diabéticos R$ 1 bilhão. "A insulina é um dos ativos no qual trabalharemos a partir do ano que vem", afirmou Bernes, o especialista em nanotecologia.
O período de desenvolvimento, testes e aprovação dos medicamentos junto aos órgãos regulatórios deve ser de aproximadamente cinco anos, mas pode variar de acordo com os produtos e moléculas já existentes.
"Vamos trabalhar no laboratório em uma escala muito pequena, que é a nanotecnologia. Nessa escala nós teremos condições de reduzir a dose do medicamento e isso impacta no custo do produto final, na redução de efeitos adversos ao paciente e menos desconforto com a redução do comprimido, por exemplo", disse Samuel Mussi, farmacêutico com pós-doutorado no Center for Pharmaceutical Biotechnology and Nanomedicine Northeastern, em Boston (EUA).
Segundo Mussi, o mundo já trabalha com a nanotecnologia. "Principalmente nos Estados Unidos, na China, Europa. Então iniciar esse trabalho no Brasil é um orgulho muito grande e foi por isso que voltei, para contribuir com o nosso país. Queremos também conectar a universidade com a indústria", disse o farmacêutico mineiro.
A Aché, que é uma empresa 100% brasileira, conta com 4.646 colaboradores. O Nile, que será coordenado pelo brasileiro Samuel Mussi, contará com a participação de 20 cientistas, 70% deles brasileiros.
Presente à inauguração do laboratório, o prefeito Guti (PSB) manifestou sua satisfação por Guarulhos sediar esse avanço histórico da medicina. "A Aché larga na frente e dá muito orgulho ver a nossa bandeira [guarulhense] ao lado das bandeiras do Brasil e da Suíça, um país que é exemplo de nação para todo o mundo", disse.
A Ferring Pharmaceutical tem sede na Suíça, está presente em mais de 70 países e conta com 6,5 mil funcionários.