Opinião

Guarulhos, uma cidade refém de uma estrada

Entra ano, sai ano, passa eleição, troca governo e nada muda. Guarulhos, a segunda maior do Estado mais importante do País (repita-se sempre isso) é uma cidade sitiada. Bastam dois caminhões se chocarem no início da manhã na rodovia Presidente Dutra, como ocorreu mais uma vez na última quarta-feira, para o guarulhense ficar perdido. Acidentes acontecem, é verdade. Mas não se pode admitir que os interesses daqueles que vivem e pagam impostos neste município fiquem comprometidos quando o trânsito para na rodovia.


 


Não bastasse o congestionamento gigante que se formou nos dois sentidos da Dutra, durante todo o dia, já que o óleo de um dos caminhões se espalhou por mais de um quilômetro da via, sem alternativas motoristas das mais diferentes origens entraram por dentro da cidade, em busca de uma saída. A situação é ainda pior pelo fato de muitos guarulhenses serem obrigados a utilizarem a rodovia como uma avenida que liga um bairro a outro. Não existem corredores entre a região central, por exemplo, e Cumbica ou Bonsucesso.


 


Com ela paralisada, guarulhenses deixaram de chegar em seus locais de trabalho, já que ficaram presos dentro de ônibus, lotações ou em seus carros. Quem tinha condução própria, com muito sacrifício, tentava se safar em meio aos congestionamentos formados nas avenidas Monteiro Lobato e Santos Dumont e em todas as vias próximas.


 


No Centro, mais problemas. Além da saturação natural das ruas e avenidas da região, os motoristas precisaram disputar espaço com quem fugia da Dutra, vindo de São Paulo. Com a rodovia parada, os reflexos se estenderam à Fernão Dias, outra estrada que serve de avenida à cidade, a avenida Guarulhos e ao acesso pela avenida Anielo Pratici, já que era praticamente impossível chegar à obra de R$ 72 milhões, o tão comemorado e inútil Viaduto Cidade de Guarulhos que, nestas horas, não serve para absolutamente nada.


 


Aliás, neste sentido, o guarulhense que perdeu o dia na Dutra parada deve mesmo ficar revoltado ao ter que olhar tanto tempo para aquele cartão postal e saber que a administração municipal, nestes últimos dez anos nas mãos do PT, não fez absolutamente nada em relação a essa dependência da concessionária que administra a rodovia. Tanto é assim que o Viaduto mal feito nem acessos decentes à Dutra tem.


 


A tão anunciada pista marginal entre Cumbica e a região central, apesar de aprovada pela Agência Nacional de Transportes Terrestres, a ser construída pela concessionária, ainda não saiu do papel. O viaduto velho de Bonsucesso, apesar de reformado, não conta com o acesso necessário para desafogar o trânsito naquela região. O Trevo, então, obra caríssima executada pelo ex-prefeito Elói Pietá (PT) soa como uma piada de mau gosto, que ficou saturado logo após sua inauguração. Ou seja, ao guarulhense, hoje, não há nada a fazer que não seja rezar para que acidentes não ocorram na rodovia. Como isso parece ser um tanto impossível, resta apenas esperar sentado. Ou em pé dentro de uma lotação ou ônibus lotados.

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