O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse nesta sexta-feira, 18, não acreditar que o mesmo "toma lá dá cá" que, segundo ele, dominou governos do PSDB e do PT vai ocorrer no governo Jair Bolsonaro com a aliança com os partidos do Centrão.
"Um olhar perverso diz que voltou o toma lá dá cá. Faço a pergunta: é o mesmo toma lá dá cá do governo FHC, dos governos do PT?", questionou. "Alguém irônico responde que ficará igual antes, eu acho que não. Acho que as alianças serão orgânicas, em torno de temas", disse Guedes em coletiva virtual para fazer um balanço do ano.
Para o ministro, a eleição do presidente foi "disruptiva" e os partidos do Centrão são, na verdade, de "centro-direita". Ele lembrou que, além da vitória de Bolsonaro em 2018, os partidos de centro-direita tiveram vitória na eleição municipal de 2020. "Mesmo partidos de leve coloração de esquerda, como MDB, perderam prefeituras", afirmou.
Apesar do diagnóstico, Guedes criticou o que chamou de "disfuncionalidade". "Quem ganha é a centro-direita e quem dá a pauta é a centro-esquerda", afirmou o ministro, em referência à definição da pauta de votações na Câmara dos Deputados, presidida por Rodrigo Maia (DEM-RJ), hoje desafeto de Guedes e acusado pelo ministro de ter travado as privatizações.
"Até o DEM deveria ser a favor das privatizações", afirmou. Ele citou o pai do presidente da Câmara, o ex-prefeito do Rio César Maia. Ele contou que recomendou César Maia ao PFG depois que o pai do presidente da Câmara "percebeu que a agenda de esquerda não era construtiva".
Para o ministro, uma aliança "orgânica" de centro-direta terá capacidade de implementar a pauta de desestatizações. Segundo ele, o governo vai "achar seu eixo político e, com isso, aprovar as reformas". "Não interessa à centro-direita continuar com aparelhagem e corrupção, se não perdem eleição", afirmou.
Ele disse que a política vai "corrigir a disfuncionalidade" que hoje impede que as matérias sejam pautadas. Apesar disso, ele ressaltou que a definição na Câmara não é "preocupação direta" dele.
"Quero acreditar que estamos indo em direção a uma democracia melhor", afirmou Guedes.
Embora tenha citado diferentes partidos, o ministro ressaltou que as ajudas aprovadas durante a pandemia não tiveram nenhuma coloração. "Não quero saber se governador é do PT, PSDB, dinheiro e auxílio foram para todos."
<b>Desoneração</b>
O ministro da Economia disse que sua obsessão com a desoneração da folha de salários não é "pela folha ou pelo imposto feioso", em referência ao imposto sobre transações, nos moldes da antiga CPMF. Segundo o ministro, sua obsessão se deve à convicção de que a medida pode gerar mais empregos.
Após chamar a Federação Brasileira dos Bancos (Febraban) de "casa do lobby", Guedes disse hoje que os "bancos fizeram um trabalho extraordinário" durante a pandemia. "Não estou em guerra, não", afirmou.
O ministro disse ainda que as medidas de liberação de compulsório adotadas pelo Banco Central evitaram uma "crise bancária".