O ministro da Economia, Paulo Guedes, trabalha agora para baixar a temperatura depois da nova crise com o Congresso provocada pelos ruídos gerados em torno de sua conversa com o governador do Ceará, Camilo Santana (PT). Guedes falou na quarta-feira, 26, pelo celular com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e irá logo mais à residência oficial do Senado para um encontro com o presidente da Casa, Davi Alcolumbre (DEM-AP). Alcolumbre é um dos mais irritados com o governo pelos seguidos ataques aos congressistas.
Nas conversas que já teve com parlamentares, o ministro tem negado que disse na reunião com o governador petista que o Congresso é uma “máquina de fazer corruptos”.
Pelo contrário, Guedes tem reforçado aos parlamentares que sua frase foi retirada do contexto da conversa. Em nota na quarta-feira, disse que as frases foram usadas no sentido oposto.
Desde as críticas feitas ao relatório do deputado Samuel Moreira (PSDB-SP) da proposta da reforma da Previdência, Guedes tem ficado em silêncio para não atrapalhar as últimas negociações para a votação da matéria.
Na equipe econômica, no entanto, já eram esperadas novas desidratações do texto. Tanto na comissão quanto no plenário da Câmara. Muitos assessores atribuem o ruído em torno do encontro de Guedes com o governador do PT à intriga da oposição.
O mal-estar e os ruídos, porém, ainda não estão resolvidos depois do episódio da quarta, que pegou todos de surpresa. A votação em plenário antes do recesso parlamentar não está certa, apesar da declaração de Maia dada, nesta quinta-feira, de que a “ideia é resolver semana que vem na Comissão Especial e na outra, no plenário”. Maia tenta construir esse acordo com os líderes.
O presidente da Câmara apelou para que haja menos intriga nas relações com o Congresso e provocou Guedes ao dizer que o “sapo morre pela boca”. “Como eu disse, o sapo morre pela boca, quero dizer, o peixe”, afirmou Maia, fazendo uma correção para ser fiel ao ditado popular.
O cronograma de votação será acertado em reunião com líderes, mas ainda há pressões dos partidos para muitas mudanças, principalmente para policiais, professores e regra de cálculo da aposentadoria. Interlocutores do governo reclamam, por sua vez, da pressão por liberação de emendas dos partidos do Centrão.
No governo, a avaliação é de que, por trás do “humor” dos parlamentares e de Maia, está a preocupação com os ataques que o Congresso poderá sofrer em novas manifestações populares que devem ocorrer no fim de semana.