No dia em que a divulgação do Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos confirmou o quadro de recessão técnica na maior economia do mundo, o ministro da Economia, Paulo Guedes, disse que a desaceleração sincronizada do mundo está muito clara, porém o Brasil engatou um ciclo na direção contrária, com crescimento de atividade e geração de empregos, ao mesmo tempo em que a inflação perde força.
"Estou muito preocupado com a economia global, mas não muito preocupado em relação à nossa economia", disse Guedes em entrevista curta à Bloomberg TV.
Em contraste ao cenário de aperto das condições financeiras que os países desenvolvidos têm pela frente, reafirmando que os bancos centrais das economias ricas seguem "muito atrás" da curva, o ministro destacou no programa as revisões para cima das projeções ao PIB e para baixo da inflação deste ano.
"O Brasil está desincronizado da economia mundial, temos dinâmica interna", declarou o ministro, acrescentando que o real está entre as moedas com melhor desempenho frente ao dólar. "Estou muito confortável com as perspectivas para economia do Brasil este ano", acrescentou.
Diante de perguntas sobre a piora da percepção de risco fiscal após a flexibilização do teto de gastos, Guedes foi evasivo, porém sustentou que o governo manteve o compromisso com o equilíbrio fiscal durante toda a pandemia, voltando a apresentar superávit nas contas públicas – R$ 75,1 bilhões em 12 meses até junho – com o fim de gastos temporários do enfrentamento da crise sanitária. Números de geração de emprego e a privatização da Eletrobras também foram enfatizados pelo ministro durante a entrevista.
Segundo Guedes, a estagflação – combinação de estagnação econômica com alta da inflação – está em curso na economia do Ocidente, na esteira de dois pesados choques: primeiro da pandemia, e depois da guerra na Ucrânia. O Brasil, contudo, está fora, conforme defendeu o ministro, que também traçou uma perspectiva de manutenção dos preços elevados das commodities exportadas pelo País.