O ministro da Economia, Paulo Guedes, defendeu nesta quarta-feira, 19, a atuação do governo na área fiscal durante o Fórum Nacional de Logística e Infraestrutura Portuária "Brasil Export", realizado em Brasília. Segundo ele, apesar dos furos ao teto de gastos durante os anos do governo de Jair Bolsonaro, houve uma manutenção ou redução do tamanho do Estado.
"O governo gasta muito e gasta mal", disse Guedes. "Por isso, ninguém está apostando tanto nessa arquitetura fiscal como nós", afirmou.
O ministro elencou uma série de atuações da equipe econômica desde o início da atual administração e enfatizou a importância do papel do setor privado, repetindo que o modelo focado nos investimentos públicos já se exauriu.
<b>Ciclo de crescimento</b>
Guedes disse que o Brasil está agora no início de um longo ciclo de crescimento, ao contrário do restante do mundo, que se encontra no fim deste ciclo. O ministro voltou a repetir que a economia brasileira superou as expectativas de instituições como o Fundo Monetário Internacional (FMI) com uma queda menor do que o esperado durante a pandemia de covid-19 e um crescimento mais robusto a partir de 2021. "Nós já mostramos que não era bem assim. Eles caíram muito mais do que nós", disse.
Ele afirmou que esse erro decorre de uma mudança do modelo econômico do País, de um modelo "dirigista, intervencionista" adotado desde a Ditadura Militar para uma economia aberta, baseada em um "grande mercado de consumo de massa".
De acordo com Guedes, essa transição de modelo não foi feita durante a redemocratização, o que levou o Brasil a crescer menos do que o mundo. "O Brasil tem condição de ser uma economia de mercado de consumo de massa, por um lado. Essa transição é que nós temos que fazer", afirmou.
Para Guedes, o País reúne as três condições para isso, com uma dimensão territorial continental, um PIB maior do que US$ 1 trilhão e mais de 100 milhões de habitantes.
O ministro ainda repetiu que o Brasil tem condições de se tornar uma potência agrícola e de energia renovável e que a economia do País será puxada pelo mercado à frente. "O governo é o indutor de crescimento em uma economia dirigista e o mercado faz o crescimento em uma economia de consumo de massa", afirmou.
<b>Reformas</b>
Guedes afirmou também que o governo tem até último dia do mandato para continuar fazendo reformas. Mais cedo, ele havia dito que, se depender da equipe econômica, a reforma tributária seria aprovada ainda este ano. "Tem uma lista, um pipeline de coisas que precisávamos fazer", disse.
Ele preferiu, no entanto, não dar mais detalhes sobre a atuação futura da equipe econômica. "Estamos a dez dias da eleição, temos que ter que foco. Qualquer coisa que a gente fale pode ser distorcida, mal usada", argumentou. "Todo mundo já sabe o nosso programa: um Brasil com economia de mercado forte com sensibilidade social", acrescentou.
O ministro alegou também não ser possível comparar a atual administração, que teve de enfrentar uma pandemia e a guerra no Leste Europeu, com governos que não enfrentaram crise e, mesmo assim, segundo ele, "entregaram tão pouco". "Se havia tanto vigor econômico, por que esqueceram os pobres? Se governo anterior era tão bom, por que benefício era tão baixo?", questionou.
<b>Venda de ativos</b>
Guedes disse que é preciso transformar o capital estéril que está na mão do governo em capital produtivo. "Não conseguimos vender ativos porque eles servem para reduzir dívida", comentou.
Ele prometeu que usará apenas 50% da venda de ativos para abater dívida, e que 25% da venda de ativos será voltada para o combate à pobreza. Os demais 25% vão para obras públicas. "O Brasil anda com as duas pernas. Se vendermos estatal, beneficiário de auxílio pode receber R$ 8 mil, R$ 10 mil de uma vez", comentou.
Esses recursos seriam usados especificamente para dar entrada em compra de imóveis entre os mais pobres.
Guedes também disse que, no que depender da equipe econômica, haverá reforma tributária ainda neste ano. "Isso é incontornável e deve acontecer até o final do ano, sim."