Guedes define novo secretário do Tesouro

O mistério sobre quem será o substituto do secretário do Tesouro Nacional, Mansueto Almeida, que confirmou no domingo a decisão de deixar o cargo, durou pouco. Ontem, o Ministério da Economia anunciou que o posto será ocupado pelo economista Bruno Funchal, atual diretor de Programas da Secretaria Especial de Fazenda, a partir de 31 de julho.

Segundo o comunicado oficial, a transição no comando, ocupado desde abril de 2018 por Mansueto, terá início imediato. Em entrevista ao Estadão, o atual secretário – um dos últimos remanescentes do governo Temer na "comissão de frente" da atual equipe econômica – se disse "cansado" e antecipou que deverá trabalhar na iniciativa privada depois de cumprir a quarentena exigida de ocupantes de cargos estratégicos no governo.

Funchal, de 41 anos, terá pela frente o enorme desafio de conter a deterioração fiscal, em decorrência dos gastos emergenciais contra a pandemia e o seu impacto social e econômico, e buscar o reequilíbrio das finanças públicas a partir de 2021. De acordo com projeção do FMI (Fundo Monetário Internacional), a dívida bruta, hoje em 89,5% do PIB (Produto Interno Bruto) deverá chegar no final do ano perto de 100% do PIB.

<b>Nota A</b>

Integrante da equipe do ministro Paulo Guedes desde o início do governo Bolsonaro, ele teve participação ativa na elaboração do novo Pacto Federativo, que está em análise no Senado, e é também presidente do Conselho Fiscal da Caixa desde dezembro do ano passado.

Ex-secretário da Fazenda do Espírito Santo, de janeiro de 2017 a dezembro de 2018, na gestão de Paulo Hartung (sem partido), Funchal foi um dos responsáveis por manter as contas públicas do Estado sob controle e parece reunir as credenciais necessárias para cumprir sua missão.

Ele sucedeu a economista Ana Paula Vescovi, que promoveu boa parte do ajuste e deixou o cargo em meados de 2016 para assumir a Secretaria do Tesouro e depois a secretaria executiva do Ministério da Fazenda, no governo Temer.

Ao deixar a Fazenda capixaba, o Estado era um exemplo de boa gestão financeira e o único com nota A na avaliação de risco de crédito realizada pelo Tesouro. Tinha cerca de R$ 300 milhões em caixa e R$ 1 bilhão reservado para investimento. Para alcançar tal proeza, a receita foi fechar a chave do cofre, com apoio de Hartung, promovendo cortes de cargos comissionados, a suspensão de reajustes salariais e a revisão de benefícios tributários concedidos às empresas.

<b>Disputado</b>

Por seu desempenho, chegou a ser disputado pelos governadores Wilson Witzel (PSC), do Rio de Janeiro, e Eduardo Leite (PSDB), do Rio Grande do Sul, para comandar a Fazenda gaúcha ou fluminense antes de aceitar o convite de Guedes para participar de sua equipe, em Brasília.

Formado em economia pela Universidade Federal Fluminense (UFF), PhD pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) e com pós-doutorado pelo Instituto Nacional de Matemática Pura e Aplicada (Impa), Funchal é professor da FUCAPE Business School, em Vitória (ES) desde 2006 e foi diretor acadêmico da instituição em 2013. Foi também pesquisador visitante da Wharton School, na Universidade da Pensilvânia (EUA), e pesquisador do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Sua área de especialização envolve macroeconomia aplicada, o mercado de crédito e a alocação de ativos.

As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>

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