O ministro da Economia, Paulo Guedes, criticou o Fundo Monetário Internacional (FMI) por ter feito previsão de que o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro cairia 9,1% em 2020, devido à pandemia. Segundo Guedes, a entidade "não ajudou em nada, só atrapalhou" ao fazer a projeção. Naquele ano, o PIB teve queda de 4,1%, menor que a prevista pelo FMI.
"O FMI fez a projeção de que o PIB brasileiro cairia 9,1%. Discordei, chamei atenção de que somos organismos vivos e que os modelos perdem aderências quando temos grandes incertezas e mudanças (…) Mandei a missão do FMI embora. Dispensei educadamente", disse o ministro, ao participar do evento Perspectivas para a Economia Brasileira, organizado pelo Fórum Empresarial da Bahia, em Salvador.
Ainda segundo Guedes, economistas têm cometido erro semelhante ao fazer projeções sombrias para o País. "Tem o erro mais sofisticado, que é quando tem uma mudança profunda na estrutura da economia e o economista mantém a mesma previsão. Esse erro muitos economistas vêm cometendo no Brasil", criticou.
O ministro da Economia atribuiu nesta segunda-feira críticas ao governo a "narrativas políticas" e pediu a empresários reunidos no evento em Salvador que acreditem no potencial de crescimento do País. Ele voltou a dizer que a economia brasileira está crescendo em "V" e sofreu menos com as consequências da crise provocada pela pandemia do que outras nações. "Não acreditem em narrativas políticas, confiem no Brasil, apostem no País. Somos uma geração que pagou pela guerra e não empurramos a conta para gerações futuras", disse.
Em um discurso com tintas de campanha eleitoral, o ministro afirmou também que o governo fez transferência de renda para a população com responsabilidade social e econômica, por meio do auxílio emergencial e do Auxílio Brasil.
Como mostraram o jornal O Estado de S. Paulo e o Broadcast Político (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado), Guedes tem sido alvo de fogo amigo por parte da equipe de campanha do presidente da República, Jair Bolsonaro (PL), às vésperas do primeiro turno das eleições.
Auxiliares de Bolsonaro confidenciam, reservadamente, que o titular da Economia "mais atrapalha do que ajuda" a campanha. Na avaliação de aliados de Bolsonaro, Guedes abriu flancos, nas últimas semanas, para que adversários agissem contra Bolsonaro.
A campanha passou a lidar com uma onda negativa de notícias econômicas depois que o governo enviou ao Congresso a proposta de Lei Orçamentária Anual de 2023. Com a peça, Guedes municiou a oposição com o corte de 60% dos recursos do Programa Farmácia Popular, para beneficiar o direcionamento de verbas ao orçamento secreto, como revelou o jornal O Estado de S. Paulo.