Cotado para assumir o Ministério da Fazenda com uma eventual vitória do candidato à Presidência Jair Bolsonaro (PSL), o economista Paulo Guedes defendeu que as reformas promovidas no governo de Michel Temer, como a venda de estatais do setor elétrico, “sejam agudizadas (acentuadas)”, “sejam mais fortes”. Ele se disse favorável às privatizações, especialmente as das distribuidoras da Eletrobras, como está acontecendo neste ano, e citou países em que o segmento de geração elétrica é dominado pelo setor privado.
“Na geração, há casos que sim (pode privatizar) e há casos que não. Por exemplo, a geração eólica. Há muitos casos de geração privada forte. Estamos acostumados à geração pública, a casos clássicos, como Itaipu. O setor privado não vai comprar Itaipu. Então nem se discute”, afirmou, antes de participar de um encontro do PSL, na casa do empresário Paulo Marinho, na zona sul do Rio de Janeiro.
Uma possível divergência de Guedes e Bolsonaro sobre a privatização da Eletrobras mexeu com o mercado nesta semana, após o presidenciável, em uma entrevista, dizer que pretende segurar os ativos de geração da Eletrobras. O mercado interpretou que o candidato não é tão liberal quanto o seu assessor econômico e que, caso vença as eleições, poderá fazer um governo mais nacionalista do que se acreditava.
“Ele (Bolsonaro) sabe o que eu acho e eu sei o que ele acha sobre a Eletrobras. Então, estamos conversando. Ele diz que quer manter a geração. Eu sou a favor das privatizações. Não falamos em geração. Só falamos em distribuidoras. E eu sou a favor de vender todas as distribuidoras”, disse Guedes.
Segundo o economista, a Eletrobras perdeu a capacidade de investimento e os ativos estatais fazem parte de um Brasil em que o governo respondia pela construção de toda infraestrutura. “A essência do programa econômico (de Bolsonaro) é continuar essa transformação do Estado, que perdeu a capacidade de investimento em infraestrutura, que foi aparelhado politicamente, virou foco de corrupção. Enquanto isso, faltam recursos na área social”, disse.
Em sua opinião, “é natural que haja dúvidas quanto à extensão dessas reformas”. “Até que ponto ela vai, ela vem. Eu defendo que ela seja agudizada, que ela seja mais forte, porque acho que esses recursos são necessários nas áreas sociais”, afirmou.