O ministro da Economia, Paulo Guedes, voltou nesta segunda-feira, 26, a dizer que o atual governo está criando no Brasil uma sociedade aberta. Ele disse que nunca teve dúvidas de que a democracia brasileira teve sob riscos e citou, como sempre faz, o bom funcionamento das instituições no País como a liberdade de imprensa, um Congresso reformista e um Supremo Tribunal Federal (STF) que tem apoiado da atual administração.
Guedes falou durante o evento online Um Dia Pela Democracia, organizado pela Academia Brasileira de Direito Constitucional (ABDConst).
Antes, porém, o ministro fez uma retrospectiva dos últimos 30 anos, período que, de acordo com ele, foi predominado pela direita, social-democracia e, por último, pela esquerda. Segundo ele, se tratou de uma sucessão de tentativas de buscas por soluções em oposição ao governo militar que era de direita, mas com um viés estatizante.
"Era um Estado Hobbesiano, que representava um peso para a sociedade", disse em referência a Thomas Hobbes, matemático, teórico político e filósofo inglês, autor de Leviatã e Do cidadão. Na obra Leviatã, explanou os seus pontos de vista sobre a natureza humana e sobre a necessidade de um governo e de uma sociedade forte.
Seguindo sua linha de raciocínio, Guedes citou as transformações políticas que passaram pelo governo de direita de José Sarney, do PMDB, criação do PSDB a ele chamou de "uma costela do PMDB" e eticamente superior.
"Mas o PSDB cometeu um grande erro que o levou a quatro derrotas seguidas, que foi a Emenda Constitucional da reeleição e que levou ao espectro da esquerda", disse o ministro da Economia.
De acordo com Guedes, era natural que assumisse o poder já que suas bandeiras atendiam os anseios da sociedade de redução da pobreza, trazia promessas de desenvolvimento e melhora do Brasil no Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa). E a Constituição de 1988, segundo o ministro, consolidou todos estes anseios, o que levou também aos exageros nos gastos públicos e, por consequência, ao aumento da dívida e estagnação da economia.
Mas de acordo com o ministro, mesmo antes do surgimento da linguagem, os hominídeos já protegiam os mais fracos, o que é um instinto natural dos seres vivos. Para exemplificar seu raciocínio de que a proteção dos mais fracos é um instinto natural, Guedes contou que hoje pela manhã fora atacado por uma ema no gramado do Palácio da Alvorada.
"Fui procurar entender o porque de estar sendo atacado e vi que a ema estava com filhotinhos. O movimento foi para afastar o perigo que eu representava ao caminhar pelo gramado", disse.
E em oposição à esquerda, continuou o ministro, a sociedade brasileira optou por um projeto liberal de direita ao se referir à eleição de Bolsonaro.
Guedes voltou a defender o presidente Jair Bolsonaro e sua eleição por 57 milhões de votos, o que por si só requer que o mandatário seja respeitado. "Eu nunca tive dúvida de que a democracia corria risco. Dilma Rousseff pegou em armas e foi absolvida pela democracia. Hoje temos um ex-capitão que canta o Hino Nacional e tem a família como o valor maior", disse Guedes.
Para o ministro, "não é possível todo dia ter críticas ao que o presidente fala".
"Deixe o homem se pronunciar. Não é possível que em nome da tolerância sejam intolerantes com Bolsonaro", disse. "Debate-se se vai ou não tomar vacina. É natural que haja diferença de opinião. Na Coreia do Norte não há esta dúvida porque, ao contrário do Brasil que é uma sociedade aberta, lá tem meia dúzia que manda e o resto obedece", disse o ministro acrescentando que a China vai bem, mas precisa passar no teste de liberdade de seus cidadãos.