Estadão

Guedes: Não podemos, por disputa política, afundar o barco

Em um momento de embates com o Congresso em torno das propostas econômicas, o ministro da Economia, Paulo Guedes, pediu nesta segunda-feira, 23, apoio dos parlamentares e disse que não se pode, por disputas políticas, "afundar o barco". Guedes ainda sugeriu, sem citar nomes, que há atores cometendo "excessos" e disse que o presidente Jair Bolsonaro é alvo de uma "caçada".

"Se o próprio presidente, nessa ânsia, nessa caçada que ele tem sofrido, se também tiver cometido algum excesso, é um democrata. É caçado diariamente. Caçado com Ç , não cassado com dois S . Estão querendo transformar o caçado midiaticamente todo dia num cassado com dois S . O homem teve 60 milhões de votos, estamos a um ano de eleições. Esperem e vençam a eleição em vez de fazer confusão e derrubar economia", disse o ministro durante evento promovido pela Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo.

Segundo Guedes, pode ter um ou outro ator que comete excessos – um ministro do STF ou ele próprio, admitiu -, mas ele disse confiar nas instituições. "Se um ator comete excesso, as instituições o convidam a voltar para dentro da caixa", afirmou.

"Quem está cometendo excessos tem que reavaliar, seja do lado que for. Não podemos, por disputa política, afundar o barco", disse. Ele acrescentou que quem eventualmente se encaixa nessa descrição vai "refletir e contribuir para o aperfeiçoamento das instituições".

Ao pedir apoio à agenda de reformas e falar dos "excessos", Guedes por vezes bateu com a mão na mesa de seu gabinete, de onde participou da live. O barulho foi ouvido na transmissão. Segundo o ministro, há "pessimistas" que têm feito torcida contra a recuperação do País, mas o governo não pode se deixar contaminar por isso.

Guedes disse que o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), tem lutado "bravamente" para levar adiante a agenda de reformas, mas cobrou do Senado maior engajamento nas propostas. Na sexta-feira (20), o ministro participou de um debate promovido pelo Senado sobre a reforma tributária, mas acabou acirrando ainda mais o clima e disse até mesmo que pode retirar o apoio ao projeto que muda o Imposto de Renda, dizendo que "prefere não ter reforma tributária a piorar o sistema". "Tenho convicção de que o Senado virá conosco para as reformas", disse Guedes nesta segunda-feira. "Acredito que o Senado brevemente vai se incorporar à agenda de reformas", reforçou o ministro.

Guedes ainda alfinetou promessas eleitorais de investidas contra o teto de gastos, a regra que limita o avanço das despesas à inflação. Em junho, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que deve concorrer em 2022, escreveu no Twitter que, se eleito, revogará o teto.

"Um bom candidato (em 2022) tem que ser comprometido com reformas, não furar teto", disse o ministro. Ele encerrou sua participação pedindo "confiança no Brasil acima de tudo".

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