O subsecretário de Indústria, Comércio e Serviços da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico (Sede), Luiz Alberto Rodrigues, disse que a guerra fiscal entre os Estados vem prejudicando a instalação de indústrias ou de mais unidades de empresas em Minas Gerais. “Há de se fazer uma avaliação moderna e criteriosa da política tributária nacional. Hoje, há uma canibalização das indústrias de Minas Gerais e o combate à guerra fiscal tem que se dar nos poderes centrais da União”, afirmou a jornalistas, durante o seminário “Conjuntura Econômica de Minas Gerais”, organizado pela Fundação João Pinheiro, instituição de pesquisa e ensino vinculada à Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão de Minas Gerais (Seplag).
Questionado se Minas Gerais deveria entrar na guerra fiscal para atrair a instalação de indústrias, Rodrigues disse que a decisão é financeira. “É uma escolha difícil porque pode complicar as contas fiscais do governo”, declarou. O orçamento do Estado prevê um déficit de R$ 7,273 bilhões para 2015.
Para o professor adjunto do Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional (Cedepar) do Departamento de Economia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Marco Flávio da Cunha Resende, o governo precisa pensar no longo prazo. “Praticar isenção fiscal em um momento no qual o Estado está com uma dívida enorme é prejudicial. O ganho que Minas teria seria anulado pela concessão do mesmo benefício por outros Estados. Tem que se investir na qualificação de mão de obra, no desenvolvimento do setor de serviços correlacionados à indústria e também no avanço tecnológico”, declarou.
Para ele, essa solução daria todo o aparato para a indústria avançar em lucros e manter sua competitividade. “Essa rede tem que ser criada. Tem que haver uma política continuada, de longo prazo, para colher o resultado daqui a 20 anos. O governo estadual atual é bem intencionado, há técnicos competentes, mas é um governo que não tem dinheiro e aí fica meio difícil de fazer esse tipo de política”, ressaltou.
Comércio exterior
Conforme dados da Fundação João Pinheiro, mais de um terço dos produtos exportados pelo Estado são commodities primárias, produtos intensivos em trabalho e de baixa intensidade tecnológica. Para Rodrigues, da Sede, há a necessidade de agregar valor ao produto comercializado no setor de mineração e agrícola para incrementar as receitas do Estado.
Já com relação às principais empresas exportadoras no Estado, entre janeiro e abril a Vale foi líder, com 24% de participação nas vendas externas mineiras. Na sequência vieram a CBMM (7,8%), CSN (3,7%), Cooxupé (3,6%), Fiat (3,2%), Gerdau (2,9%), Anglogold (2,7%), Cenibra (2,6%), Kinross (2,6%) e Vallourec (2%). De acordo com os pesquisadores da fundação, o governo estadual precisa pensar em uma estratégia para diversificar seu parque industrial.