A Guerra S.A. Implementos Rodoviários, de Caxias do Sul (RS) entrou em recuperação judicial esta semana, após enfrentar uma queda forte no faturamento, principalmente a partir do segundo semestre de 2014. A empresa, que concorre diretamente com a Randon, localizada também na Serra Gaúcha, tem 60 dias para apresentar uma proposta aos credores.
“O plano será longo e conservador”, disse em entrevista ao Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, o advogado Ângelo Coelho, contratado para ajuizar o processo de recuperação. Segundo ele, haverá nesta sexta-feira, 3, em São Paulo, a primeira reunião entre diretores e controladores para tratar do assunto. A Guerra, que nasceu como uma empresa familiar, hoje é controlada pela Tolstói Participações.
A companhia ingressou com o pedido de recuperação judicial nesta quarta-feira, 1, na 4ª Vara Cível de Caxias do Sul, e o juiz aceitou a solicitação, informando que foram cumpridos os requisitos necessários para que a empresa dê seguimento aos atos de reestruturação protegida pela lei de recuperação judicial. “A empresa segue operando e quer se preparar para enfrentar o mercado”, disse Coelho.
Crise
De acordo com o advogado, a Guerra foi fortemente atingida pela crise, já que o seu principal segmento de atuação, que é a fabricação de semirreboques, depende do aquecimento da economia para prosperar.
“No segundo semestre de 2014 o faturamento começou a cair de forma expressiva, e a Guerra teve que recorrer a bancos para arcar com os compromissos, o que só aumentou seu passivo. O ano de 2015 começou com o estouro do caso da Petrobras, a elevação da tarifa de energia elétrica, etc, e o quadro só piorou”, explicou.
Segundo ele, em 2014 a média de faturamento mensal foi de R$ 35 milhões, enquanto de janeiro a maio de 2015 o montante médio ficou em R$ 17 milhões. Apesar de não haver uma perspectiva de melhora da demanda no curto prazo, Coelho garante que o processo de reestruturação não deve passar pela dispensa em massa de colaboradores – hoje a Guerra tem 1.305 funcionários.
“Se acontecerem demissões, serão puramente por uma readequação ao mercado”, disse. As mudanças, conforme o advogado, vão tratar de adaptar a empresa à nova realidade da economia e também buscarão corrigir falhas em decisões comerciais tomadas no passado.
Coelho ainda revelou que dentro do passivo da empresa os gastos trabalhistas representam 3%. Outros 17% correspondem a fornecedores e 80%, aos bancos.