Variedades

Guimarães Rosa é celebrado 50 anos depois de sua morte

João Guimarães Rosa morreu há 50 anos neste dia 19 – apenas três dias depois de assumir sua vaga na Academia Brasileira de Letras – e eventos, edições, filme e uma estátua em Belo Horizonte são algumas homenagens que o escritor mineiro recebe nesta efeméride. A Nova Fronteira, editora de sua obra há 30 anos, lança um box com a ficção completa, dois volumes em 2.064 páginas, e disponível apenas na Amazon por R$189,90, em pré-venda até 17 de dezembro.
A GloboNews exibe neste sábado, 18, às 20h30, Sert anias, documentário da sobrinha do escritor, Juliana Dametto Guimarães Rosa, e Alexandre Roldão. A produção mostra o pedaço do Brasil que o autor recriou em Grande Sertão: Veredas.

No domingo, a Praça Guimarães Rosa, no bairro Cidade Nova, em Belo Horizonte, passa por uma reinauguração e ganha uma estátua do autor. Em São Paulo, também no domingo, a partir das 11h, a Livraria da Vila da Alameda Lorena recebe artistas, entre eles Lima Duarte, para leituras de Grande Sertão.

Ainda no domingo, às 16h, a escritora Noemi Jaffe dá uma palestra sobre o autor no CCBB (R. Álvares Penteado, 112). Na segunda, 20, a diretora Bia Lessa ministra um workshop apresentando a criação do espetáculo/instalação Grande Sertão: Veredas, que após uma temporada no Sesc Consolação será encenado no Rio, em 2018.

A minissérie Grande Sertão: Veredas, de 1985, com direção de Walter Avancini – aquela que Bruna Lombardi é Diadorim – reestreia neste sábado, 18, no Viva e fica disponível no Globosat Play.

Rosa morreu em 1967, e ainda estamos aguardando sua biografia “definitiva”. A filha e principal controladora do espólio, Vilma Guimarães Rosa, lançou Relembramentos: João Guimarães Rosa, Meu Pai nos anos 1980 com boa recepção crítica, e há um imbróglio judicial em andamento com Alaor Barbosa, autor de Sinfonia de Minas Gerais: A Vida e a Literatura de João Guimarães Rosa, livro que foi recolhido em 2008, liberado em 2014 mas não voltou às livrarias. A obra literária de Guimarães Rosa, porém, vem sendo bem tratada pela Nova Fronteira e continua ressoando com força no meio literário e acadêmico e o público leitor.

“A obra de Guimarães Rosa é única porque capaz de recriar pelo caminho da literatura, uma interpretação original do Brasil”, diz a professora da UFMG e especialista em Rosa, Heloisa Starling. “Mas, sobretudo, ele inventa uma linguagem capaz de fazer uma mediação entre duas culturas: a tradição letrada brasileira e a outra, a tradição de quem mora nos fundos da nossa República.”

O escritor Milton Hatoum concorda. “Grande Sertão, inovador em todos os sentidos, realiza o projeto ambicioso do romance total, pois é extremamente complexo em sua profunda dimensão histórica, metafísica, sexual, política e mito-poética. É um romance que não para de desafiar a crítica e, como Macunaíma, aponta para o nosso impasse”, diz. É um sentimento parecido ao da professora de literatura brasileira da USP, Yudith Rosenbaum. “A obra de Guimarães Rosa é uma abertura de caminhos que levam à renovação do nosso idioma e à descoberta de um Brasil desconhecido até então”, diz.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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