Estadão

Há espaço para uma agenda que desperte esperança

O empresário Fábio Barbosa, de 67 anos, foi um dos signatários do manifesto assinado por empresários e intelectuais em apoio ao sistema eleitoral do País e esteve no ato contra o governo Jair Bolsonaro realizado na Avenida Paulista, no dia 12 de setembro. Barbosa, que participa de quatro grupos com empresários e executivos que querem se envolver na discussão eleitoral no ano que vem, afirmou em entrevista ao <i>Estadão</i> que o mundo empresarial está, agora, despertando para o debate político.

<b>O que o Brasil precisa fazer para se recuperar na economia? Quais reformas são mais urgentes?</b>

O marco regulatório do saneamento básico é uma reforma importante que nem sempre teve o devido destaque. Ele colocou metas universais para 2033 para a população ter esgoto tratado e água potável. Isso é revolucionário. Teve coisas positivas que aconteceram, mas em algumas o governo não acelerou. Uma delas é a reforma administrativa. Isso tem que ser feito. Foi erro não termos feito. Vamos ver se sai alguma coisa da reforma tributária até o fim do ano.

<b>O empresariado tem hoje uma visão mais conservadora ou progressista diante da agenda identitária?</b>

Os empresários e executivos passaram a entender que a sociedade demanda uma atuação mais conectada com as empresas. Temas de inclusão social estão muito mais conectados. As empresas estão trabalhando suas políticas e vendo como se tira o viés inconsciente, que faz com que algumas pessoas não tenham oportunidade. As empresas entenderam que um grupo diverso é melhor que um grupo de iguais. A sociedade está demandando que as empresas se posicionem sobre esses assuntos. Os empresários estão muito mais conectados com esses temas, seja por convicção, seja por conveniência.

<b>Quais devem ser os temas principais do debate eleitoral em 2022?</b>

São dois temas. É muito importante que se debata a questão ambiental. Temos que nos posicionar. E, também, a inclusão social com igualdade de oportunidades, através da educação.

<b>Na opinião do senhor, entidades e lideranças empresariais se posicionaram tardiamente em relação à conduta do presidente Jair Bolsonaro?</b>

A questão começou a ficar mais latente quando o presidente foi mais vocal sobre a questão contra a democracia. O setor empresarial, que poucas vezes se mobilizou, resolveu vir a público expressar sua preocupação. Foi importante marcar posição. Vejo um crescente envolvimento da sociedade na política. Vejo mais gente querendo se candidatar a cargos públicos. As declarações de Bolsonaro mudaram o patamar da preocupação.

<b>Como o senhor vê o debate eleitoral?</b>

Eu quero que as pessoas votem por acreditar, e não por ter medo. Vejo gente que vai votar por temor. Existe um espaço grande para uma agenda propositiva que desperte esperança. A esquerda se apropriou indevidamente do monopólio do discurso do bem social. Vejo o pessoal mais liberal no posicionamento econômico mostrando preocupações sociais. Queremos um país melhor. O caminho é uma menor presença do Estado, dando mais espaço para o setor privado.

<b>Acredita na candidatura da terceira via para a eleição de 2022?</b>

A definição do PSDB que acontece em novembro nas prévias será muito importante para dar início ao jogo. Nem Bolsonaro nem Lula querem um terceiro nome. O candidato que aparecesse agora levaria muita pancada dos dois lados. O momento certo vai ser ano que vem. Precisa de um ou dois candidatos do centro.

<b>Vê algum nome favorito?</b>

Existe espaço e tempo para (a terceira via) crescer. Sem a definição das prévias do PSDB, nada vai acontecer. A partir daí, serão feitas as alianças.

As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>

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