A indústria mostra melhora gradual ao longo dos últimos quatro meses, mas o avanço deve ser relativizado, por acontecer em cima de uma base de comparação muito baixa, ponderou André Macedo, gerente da Coordenação de Indústria do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
“Claro que a situação dos últimos quatro meses é melhor para a indústria, incluindo bens de capital, do que era no fim do ano passado. Mas é preciso, de alguma forma, relativizar essa melhora, porque se dá em cima de uma base de comparação muito baixa”, ressaltou Macedo.
A produção acumulou avanço de 3,5% em quatro meses de resultados positivos, mas ainda opera em patamar semelhante ao de fevereiro de 2009, época da crise financeira internacional. A indústria está 18,4% abaixo do pico registrado em junho de 2013. “Ou seja, mesmo com crescimento, ainda assim a gente está operando num patamar muito distante do pico da série histórica”, disse o pesquisador.
Segundo Macedo, o ritmo mais intenso de perdas parece ter ficado para trás. A melhora gradual registrada mais recentemente está relacionada ao avanço na confiança dos empresários, à regularização de estoques e à alta nas exportações.
“Tem relação importante com alguma melhora do ambiente econômico, com um pouco de redução de incertezas, com uma normalização do nível de estoques, com aumento nas exportações”, citou. “Mas quando a gente compara com o ano anterior, a indústria permanece com seu comportamento negativo”, alertou Macedo.
A produção industrial recuou 6% em junho ante junho de 2015, a 28ª taxa negativa consecutiva nesse tipo de comparação.
“Claro que a magnitude da queda vem diminuindo (nesse tipo de comparação) em função dessa melhora recente dentro do setor industrial”, observou o gerente do IBGE. “Mas a perda do setor industrial observada ao longo do ano passado teve magnitude muito grande”, acrescentou.