Saúde

Há um ano Guarulhos inaugurava hospital de campanha que salvou mais de 600 vidas

Centro de Combate ao Coronavírus, ou 3CGru, ficou aberto até setembro, em época na qual cidade tinha pouca oferta de leitos de UTI

No dia 27 de março de 2020, ainda no início da pandemia, Guarulhos inaugurava, no Parque Cecap, o Centro de Combate ao Coronavírus, primeiro hospital de campanha do Brasil. No primeiro momento, a unidade atendia pedestres e motoristas – em sistema drive-thru – para uma triagem com suspeitos da doença. Após cinco meses de funcionamento, o 3CGru salvou mais de 600 vidas.

Com pouco mais de uma semana de abertura, o hospital passou a funcionar com um sistema de enfrentamento à guerra. Além do atendimento aos casos suspeitos, a unidade internava – inclusive com alta complexidade – e comemorava, uma a uma, as vidas salvas no local.

O 3CGru contava com avaliação clínica e medição de temperatura por laser para o diagnóstico da Covid-19. Em casos de alteração, o paciente era encaminhado à triagem médica, podendo ser levado imediatamente à UTI, de acordo com a classificação, exigindo até exames mais complexos, como a tomografia, também disponibilizada no ambiente.

Inicialmente com 71 leitos, sendo dez de alta complexidade e outros quatro em uma sala vermelha, utilizada para casos mais graves, o 3CGru foi se adequando às necessidades e, diante de uma crise de leitos e o colapso do sistema, entre maio e junho, foi essencial no combate ao vírus em Guarulhos. Com o apoio do governo federal, o hospital chegou a receber duas dezenas de leitos em meio ao caos da ocupação das unidades de terapia intensiva.

Com um mês de funcionamento 24 horas por dia, o Centro de Combate ao Coronavírus se aproximava dos dez mil atendimentos. Em 4 de setembro, dia do encerramento do local, os números multiplicaram. Foram contabilizados mais de 39.700 atendimentos no local, incluindo internações, consultas médicas e encaminhamentos para isolamento domiciliar, bem como 89.560 exames (bioquímicos, ultrassom, tomografia computadorizada e raio X) e registrados 86 óbitos. Contudo, dos mais de 800 pacientes de alta complexidade que ficaram internados no 3CGRU, mais de 600 se recuperaram e puderam voltar para a casa, além de pouco mais de 120 transferências realizadas, o que representa uma taxa de recuperação de 87,5%.

Histórias de superação, como a de dona Nenê que, em abril foi a mulher mais velha do Brasil a superar a doença e do senhor Nelson Cruz que, aos 80, recebeu a alta médica – a de número 500 do local – após 30 dias de luta, também se misturaram com o projeto do 3CGru. Até para sua construção, foi necessário que um gestor abdicasse do convívio com a família para se dedicar em tempo integral à realização do projeto de salvar vidas.

Há necessidade de reativá-lo?

Não. Pelo menos esta é a resposta oficial da Prefeitura, responsável pelo 3CGru. Segundo a gestão, quando o hospital foi construído, a cidade contava com cerca de 70 leitos de UTI no SUS. A unidade do Cecap chegou a ter outras 24 unidades, se aproximando de uma centena delas no município.

Hoje, de acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, mesmo sem o hospital de campanha, Guarulhos tem, aproximadamente, 200 leitos de UTI no SUS, 144 deles exclusivos para o tratamento de coronavírus. Portanto, a Prefeitura avalia que o investimento na unidade foi necessário naquele momento, mas que hoje o município se readequou para enfrentar a pandemia sem a necessidade do 3CGru.

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