Ao falar sobre sua expectativa para a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) da semana que vem, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse nesta sexta-feira, 28, o governo já criou condições para a taxa de juros voltar a cair "a qualquer momento".
"O Banco Central tem autonomia para decidir, mas o governo está fazendo a sua parte", afirmou Haddad após deixar o gabinete do ministério na avenida Paulista nesta sexta-feira.
Segundo o ministro, os esforços do governo em reequilibrar as contas públicas para a economia crescer com sustentabilidade são reconhecidos pelo Banco Central (BC). "Abrimos espaço para uma redução da taxa de juros, que pode acontecer a qualquer momento", disse Haddad, reiterando o compromisso do governo de "arrumar a casa" no primeiro ano do mandato.
Referindo-se à decisão do Superior Tribunal da Justiça (STJ) favorável ao governo sobre a inclusão de benefícios fiscais de ICMS na base de cálculo de impostos federais, Haddad avaliou que a administração federal está conseguindo angariar apoio para eliminar o máximo possível os gastos tributários. Essa é uma conta que representa, segundo Haddad, perdas equivalentes a 1,5% do PIB, algo como R$ 150 bilhões, aos cofres da União.
O ministro voltou a dizer que, corrigindo distorções do sistema tributário, o arcabouço fiscal proposto pelo ministério, cujo objetivo é reverter o déficit primário, fica em pé, assegurando sustentabilidade para o crescimento econômico no longo prazo.
Depois de citar a ociosidade em cadeias como a de produção de veículos, o ministro pontuou que o hiato do produto – isto é, o desempenho do PIB abaixo do potencial – permite ao Brasil crescer sem pressão inflacionária. "Vamos poder produzir mais, sem pressão inflacionária e com espaço para a queda da taxa de juros."
O ministro afirmou também que o governo não pode deixar de tomar todo mês medidas, em áreas como crédito e mercado de capitais, para a economia crescer satisfatoriamente. "Não podemos brincar com a economia", frisou.
Questionado se espera um corte dos juros na reunião do Copom da semana que vem, Haddad considerou que o mais importante é uma sinalização do início do ciclo de afrouxamento monetário para que as empresas voltem a investir pesadamente no Brasil.