As facções rivais palestinas Hamas e Fatah iniciaram, nesta segunda-feira, uma rodada de conversas de reconciliação na capital do Egito, Cairo. Segundo autoridades egípcias, a negociação entre os palestinos começou um dia antes das conversas com Israel para consolidar a trégua iniciada no dia 26 de agosto que pôs fim aos 50 dias de guerra em Gaza. As negociações estão sendo realizadas a portas fechadas, na sede da agência de inteligência egípcia.
A troca de acusações entre as facções rivais palestinas se tornou mais frequente desde o cessar-fogo, um sinal de que um acordo sobre território litorâneo – sob controle do Hamas – está longe de acontecer.
Antes do começo da guerra, o presidente palestino Mahmoud Abbas tentou negociar um acordo com o Hamas, sob o qual ele iria dirigir um comitê de especialistas, tanto na Cisjordânia quanto em Gaza, até que novas eleições fossem realizadas. Abbas faz parte do Fatah, que hoje tem controle sob a Cisjordânia e conta com apoio do Ocidente.
No entanto, as principais questões não foram resolvidas por esse acordo, inclusive o destino dos 40.000 funcionários públicos contratados pelo Hamas na Faixa de Gaza, bem como o controle das forças de segurança dominadas pelo Hamas na região.
O Hamas se encontrava numa grave crise financeira quando o acordo foi discutido, mas o grupo ficou mais confiante após o fim da guerra, pois a luta contra Israel aumentou a sua popularidade entre os palestinos. “O Fatah acha que o Hamas saiu enfraquecido da guerra, mas a verdade é que estamos mais fortes”, disse Hussam Badran, porta-voz do principal líder do grupo, Khaled Meshal. Abbas, por sua vez, se recusa a fazer concessões ao Hamas e insiste que é preciso estabelecer o seu governo em Gaza para evitar que os esforços de reconstrução pós-guerra sejam prejudicados.
Além das negociações entre os dois grupos palestinos, o Egito vai sediar na terça-feira uma rodada de conversas entre delegações de Israel e palestinos para estabelecer um acordo sobre a fronteira de Gaza. O Egito teve um papel importante na negociação da trégua que pôs fim a guerra e também apoia Israel no bloqueio das fronteiras de Gaza desde 2007, quando o Hamas tomou poder na região.
Desde o final do conflito em agosto, a trégua tem sido mantida e nenhum dos lados parece ter interesse em retomar os combates. Mas o fracasso em encontrar uma solução de longo prazo pode mergulhar a região de Gaza em mais incertezas. Israel e Egito veem o presidente Abbas como a garantia de qualquer novo acordo de paz. É pouco provável que ambos os países aliviem as restrições na fronteira, a menos que forças de seguranças leais ao Fatah sejam implantadas na região. Por outro lado, o Hamas já manifestou que não quer guerra, mas sugeriu que mais conflitos serão inevitáveis caso o bloqueio na fronteira seja mantido. Fonte: Associated Press.