Estadão

Hamas nega suposta ameaça de bomba contra avião desviado por Belarus

O movimento armado palestino Hamas negou, na madrugada desta terça-feira, 25, as alegações do governo de Belarus sobre uma suposta ameaça de bomba que teria provocado o pouso forçado do voo no qual viajava o jornalista opositor Roman Protasevich, preso após a aterrissagem no último domingo, 23.

O avião da companhia irlandesa Ryanair fazia a rota de Atenas para Vilnius, quando foi obrigado a fazer uma aterrissagem de emergência em Minsk, após a tripulação ser informada sobre uma ameaça de bomba no avião. O governo belarusso chegou a enviar um caça MiG-29 para escoltar a aeronave que estava a dez quilômetros da fronteira da Lituânia. Após a aterrissagem, nenhum explosivo foi encontrado a bordo, mas Protasevich acabou preso.

"Não utilizamos tais métodos e é possível que os responsáveis busquem desacreditar o Hamas e minar a simpatia do mundo pelo povo palestino", disse um porta-voz do movimento em uma declaração, na qual negou categoricamente qualquer ligação do grupo com o incidente envolvendo o avião.

O comunicado do Hamas veio em resposta à acusação feita na segunda-feira, 24, pelo ministro dos Transportes e Comunicações de Belarus, Artiom Sikorski, de que o potencial risco à segurança dos passageiros foi avaliado com base em um e-mail em inglês recebido pela direção do aeroporto, contendo uma suposta ameaça de bomba do Hamas.

<b> Sequestro de Estado </b>

O desvio do avião foi classificado por potências ocidentais como um "sequestro de Estado", gerando uma crise diplomática para a antiga república soviética. Companhias aéreas de todo o mundo suspenderam o sobrevoo do espaço aéreo belarusso, alterando rotas para contornar a fronteira do país. A União Europeia fechou o espaço aéreo do bloco para aeronaves belarussas.

Além disso, multiplicam-se pedidos de soltura de Protasevich, acusado pelo governo Lukashenko de incitação à desordem pública e ao ódio social, e incluído na lista de terroristas procurados pela KGB, serviço secreto do país. Caso seja condenado por terrorismo, o jornalista pode ser condenado à morte pela justiça do belarussa.

Na manhã desta terça-feira, 25, o primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, pediu a "libertação imediata" de Protasevich. "O vídeo de Roman Protasevich é profundamente angustiante. Como jornalista e apaixonado defensor da liberdade de expressão, peço sua libertação imediata", tuitou Johnson, advertindo que as ações do governo terão "consequências".

Em resposta à pressão internacional, Belarus convidou várias organizações internacionais a viajar para Minsk e se informarem sobre "as circunstâncias" que motivaram o desvio do voo comercial. O departamento do ministério dos Transportes responsável pelo setor aéreo emitiu um comunicado dizendo ter convidado representantes da Associação Internacional de Transporte Aéreo (Iata, na sigla em inglês), da Organização da Aviação Civil Internacional, vinculada à ONU, e autoridades dos Estados Unidos e da União Europeia. (Com agências internacionais).

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