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Harry Potter chega aos 20 anos em meio a polêmicas e fidelidade de fãs

Harry Potter é daqueles raros casos em que os livros e os filmes conseguiram transcender a barreira do sucesso e alcançaram o status de fenômeno. Foram oito filmes da franquia principal, dois da saga de Animais Fantásticos. Sete livros. Uma peça de teatro. Nas livrarias, as histórias do bruxinho venderam 450 milhões de exemplares em 79 idiomas. Já os filmes arrecadaram US$ 7,74 bilhões de bilheteria, com 12 indicações para o Oscar.

Hoje, 20 anos depois do lançamento do primeiro filme nos cinemas, Harry Potter e a Pedra Filosofal, a franquia ainda tem o potencial de influenciar a vida de milhões de pessoas ao redor do mundo que ajudaram a saga criada por J.K. Rowling a se tornar o que é. Não é à toa que a Warner Bros., estúdio dono do personagem, confirmou um especial que vai reunir os atores que interpretaram Harry (Daniel Radcliffe), Hermione (Emma Watson) e Rony (Rupert Grint), marcado para 2022.
Matheus Vale, influenciador digital de Goiânia, não esconde a emoção ao falar sobre o evento. "Não há jeito melhor de começar o ano com o pé direito", diz, comemorando a reunião de boa parte do elenco.

"Sou fã há 16 anos. Quando estreou Harry Potter e o Cálice de Fogo nos cinemas, eu tinha 9 anos, indo à minha primeira pré-estreia do filme junto com minha irmã mais velha", conta Vale, de 25 anos. "Desde então, fui a todas pré-estreias e o fanatismo só aumentou."

O carinho pela franquia acabou inspirando a profissão de Vale. Ele, hoje, tem um perfil no Instagram com mais de 75 mil seguidores. O foco principal é Harry Potter e, logo na descrição do perfil, ele se autodenomina como "alucinado" pela saga. "Achei um nicho em que me sinto bem e consigo influenciar pessoas trabalhando com algo que amo desde criança", diz.

Alguns fãs, enquanto isso, afirmam que Harry Potter influencia na forma como veem o mundo. "Ajudou a identificar e combater situações de conflito e preconceito e também aprimorou em mim valores familiares e de amizade, me conectando com questões de respeito étnico e social, imprescindíveis em um país como o nosso, tão fragilizado quanto às diversidades", afirma o carioca Vanderson Vieira Borges, de 33 anos, recepcionista de unidade de saúde e acadêmico de biologia.

<b>Senso de comunidade</b>

Outro aspecto que chama atenção entre os fãs de Harry Potter é o senso de comunidade. Imitando a história de amizade entre Harry, Rony e Hermione, o público que gosta da franquia tende também a criar laços. É isso que compartilha Beatrys Bernardo Pereira Bello, designer e publicitária carioca de 26 anos. Assim como Matheus, a primeira experiência nos cinemas foi com Cálice de Fogo.

"Meu mundo é e sempre será Harry Potter, minha casa sempre será Hogwarts", garante. "Sempre fui uma pessoa bem difícil de fazer amizades. Mas, quando comecei a assistir a Harry Potter, percebi que não precisava ficar sozinha. Aprendi o significado de amizade e, para mim, Ron, Hermione e Harry sempre serão meus melhores amigos."

Ela, que também tem um perfil no Instagram com foco na saga do bruxinho, ainda conta que a franquia, de alguma forma, a ajudou a superar uma fase difícil em que foi diagnosticada com depressão. "Falo para todo mundo que devo minha vida ao Harry Potter", conta. "Tive um período de depressão e Harry Potter me ajudou muito. Quando me sinto nervosa, ansiosa ou pra baixo, assisto a algum filme da saga ou leio um livro. Harry Potter me deu força para continuar lutando. Saí da depressão graças a ele."

Já o engenheiro Luan Ferreira, que nem tem perfil no Instagram como Vale ou Beatrys, já leu mais de 20 vezes cada um dos livros da franquia e também sente que os fãs de Harry Potter se aproximam no mundo offline. "Eu não divulgo por aí que sou fã da saga, mas sempre surge a oportunidade de falar sobre a franquia, sobre os livros e o que está acontecendo com os novos filmes", afirma.

<b>Futuro de Harry Potter</b>

Hoje, a saga do bruxo britânico vive um impasse. Desde o final da franquia com Harry Potter e as Relíquias da Morte: Parte 2, os filmes seguiram por um caminho que divide os fãs. Animais Fantásticos, saga protagonizada por Eddie Redmayne, teve bons resultados com o primeiro filme, mas derrapou no segundo – a presença de Johnny Depp, acusado na época de agredir a ex-mulher, fez diminuir o alcance do longa.

Além disso, J.K. Rowling, a mente por trás desse universo, entrou em polêmicas no Twitter ao fazer declarações consideradas transfóbicas por parte da comunidade LGBT. Diante disso, a Warner Bros. anunciou que a escritora não estará no especial da saga em 2022.

Os fãs, enquanto isso, se dividem. Luan Ferreira, por exemplo, diz que está em dúvida sobre os novos rumos da franquia. "Após decisões não condizentes com a história dos livros, tenho pouca esperança de que a saga Animais Fantásticos tenha um nível aceitável. Mas a produção de especiais no HBO Max traz esperança de novos conteúdos que façam jus aos livros", observa.

Já a carioca Beatrys Bello continua empolgada com os novos passos de Harry Potter e conta o que espera. "Amo os filmes do Animais Fantásticos e queria muito uma série de filmes sobre os fundadores e também sobre os Marotos. Harry Potter é um universo muito grande, e temos muitas histórias para serem aprofundadas ainda."

As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>

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