Em 1985, Helena Bonham Carter tinha apenas 19 anos quando James Ivory fez dela a Lucy de sua adaptação de A Room with a View, de E.M. Forster. O filme passou no Brasil como Uma Janela para o Amor. Não revelou apenas uma atriz. Ivory era um diretor de certo prestígio por seus filmes indianos. Com a cumplicidade do produtor Ismail Merchant, fazia filmes passados de preferência na Índia, e que celebravam a grandeza e a decadência das civilizações. Com Uma Janela para o Amor, algo passou-se. O filme foi indicado para diversos Oscars. Depois disso, e por um bom período, Ivory virou habitué nas indicações (e premiações) da Academia.
Vale lembrar isso agora que o MIS, que sedia a exposição dedicada a Tim Burton, oferece uma programação especial dedicada a Helena Bonham Carter. Não por acaso, ela foi mulher de Tim Burton de 2001 a 2014, tendo dois filhos com ele. Mas o ciclo, diz seu curador – e é o próprio André Sturm, diretor do MIS -, visa a homenagear, por meio de Helena, que completa 50 anos, o Dia Internacional da Mulher. “Conheci-a quando veio ao Brasil justamente para lançar Uma Janela para o Amor. Achei-a muito tímida. Quando começamos a conversar, percebi que atriz ela era. Tinha sotaque do norte, falava sem parar e intensamente. Ficamos horas conversando. Sempre que a vejo nos filmes, lembro-me deste encontro e da capacidade que ela tem de se transformar nas personagens mais diversas.”
Entre os filmes que integram a Mostra Helena Bonham Carter, dois são obras de James Ivory – o já citado Uma Janela para o Amor e Retorno a Howards End, outra adaptação de E.M. Forster. No primeiro, Helena vai para Florença com uma velha tia. Decepciona-se porque seu quarto não tem vista para o Arno, mas descobre o amor ao trocar o almofadinha Daniel Day-Lewis pelo impetuoso Julian Sands. O segundo trata de luta de classes e choques sociais na Inglaterra de 1910. Por ambos, Ruth Prawer Jhabvalla recebeu Oscars de roteiro adaptado.
Outros programas incluem o Hamlet de Franco Zeffirelli com Mel Gibson (e Helena como Ofélia) e o Frankenstein de Mary Shelley, revisto por Kenneth Branagh, com Robert De Niro. E não se pode esquecer de Meu Amor, Minha Perdição, de Thaddeus OSullivan, sobre respeitável homem casado que vira amante da cunhada, sob o mesmo teto na Inglaterra de 1930. Paul Bettany, Helena e Olivia Williams formam o triângulo. Elenco e visual (fotografia, direção de arte e figurinos) são impecáveis, para dizer-se o mínimo.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.