Domingo passado, um velho amigo mandou uma mensagem por email: “Advinha onde estou?”. Logo em seguida, explicava: Em Macaé, no Rio de Janeiro, acompanhando o resgate de um helicóptero que tinha caído, a
Era um sábado à tarde de julho. Estava com meu filho, que tinha pouco mais de um ano, enquanto minha esposa trabalhava, quando recebi uma ligação: “Caiu um helicóptero
Sem ao menos fazer uma mala, fui para o início de uma aventura que durou quase uma semana. Embarcamos em um aviãzinho, sem ter a noção exata do que havia ocorrido. Sabíamos que o helicóptero tinha cinco ou seis pessoas a bordo e que tinha caído no mar. Mais ou menos vinte minutos após termos decolado, o passageiro que foi no banco, ao lado do piloto, estava incomodado que a cortina tinha ficado preso na porta já fechada. O sujeito simplesmente abriu a porta para recolher a cortina. Por muito pouco, não protagonizamos outra tragédia. Não sei quantos segundos foram necessários para, após um esforço bem grande, que teve a ajuda do piloto, ele conseguir fechar a porta.
Passado o primeiro susto, o segundo momento mais estressante ocorreu tão logo aterrissamos
Só retornei de Macaé, quatro ou cinco dias depois, após todos os corpos já terem sido reconhecidos no IML local e encaminhados para o sepultamento. Exatamente um ano depois, mas em um dia da semana, um outro helicóptero da mesma empresa caiu no mar. Esse foi mais grave. Foram mais de dez mortos. Mas desta vez, eu já não era mais marinheiro de primeira viagem numa cobertura como essas e consegui tirar de letra.
Ernesto Zanon
Jornalista, diretor de Redação do Grupo Mídia Guarulhos, escreve neste espaço na edição de sábado e domingo
No Twitter: @ZanonJr