Na entrada do Auditório Nacional, gigantesca construção com capacidade para 1 mil pessoas na Cidade do México, os fãs de heróis dos quadrinhos como Batman, Superman e Mulher-Maravilha se aglutinavam nas grades que protegiam um tapete vermelho. Ao centro, uma estátua de 3 metros de altura do Homem de Aço, uma réplica daquela que estará em Batman Vs Superman: A Origem da Justiça, filme que estreia no Brasil na quinta-feira, 24. Por ali, passaram Ben Affleck (como Batman), Henry Cavill (Superman), Gal Gadot (Mulher-Maravilha) e o diretor Zack Snyder, para a primeira exibição do filme em território latino, no sábado, 19.
Quando anunciada a chegada de cada um dos quatro, a surpresa (ou não): Gadot e sua Mulher-Maravilha foi a mais saudada. Não é por acaso, contudo. Nas primeiras impressões de alguns fãs do filme, que teceram alguns comentários no Twitter e Facebook, a personagem vinda da mitologia grega é um dos destaques do filme.
Os fãs que esperam muito de Diana Prince (nome “humano” adotado pela princesa das amazonas) ficarão decepcionados com os poucos minutos de tela que Gadot recebe. E poucos diálogos, embora ácidos. O primeiro filme da personagem já está sendo filmado (foi interrompido para a promoção de BvS) e é ali que os fãs poderão mergulhar no universo da personagem feminina mais tradicional dos quadrinhos em sua primeira aventura na telona. Como o título do filme já entrega, o mundo verá pela primeira vez nas telonas o que os leitores de quadrinhos já até se acostumaram: uma batalha entre os dois maiores heróis da terra – nada contra Homem de Ferro ou Capitão América, mas nenhum deles é tão fundamental para a cultura pop quanto o Homem de Aço e o Morcegão. Eles são as figuras centrais e, por ora, antagônicas.
São duas inspirações diretas para o longa. A primeira, mais recente, vem diretamente da trilogia de Batman criada por Christopher Nolan, que estabelece um clima mais soturno, escuro e tenso para os filmes da DC, embora o excelente Batman de Affleck tenha pouco a ver com a versão anterior de Christian Bale. Nolan, aliás, trabalhou como produtor em O Homem de Aço, dirigido por Snyder, filme considerado a pedra fundamental do universo DC dos cinemas. “Eu me senti muito envolvido com Chris (Nolan) quando trabalhamos juntos”, contou Snyder. “De uma forma esquisita, o fato de estar tão próximo dele me ajudou a criar esse próprio Batman e a relação dicotômica entre os dois.”
A outra inspiração é a HQ O Cavaleiro das Trevas, escrita magistralmente por Frank Miller e publicada em 1986. Foi com a leitura de um trecho dela que o mundo descobriu que O Homem de Aço 2 seria, na verdade, Batman vs Superman. A história do Homem de Aço se desenvolve a partir do fim do primeiro longa, quando a Terra foi ameaçada por General Zod, um kryptoniano como Superman e, depois de uma batalha de proporções gigantescas, grande parte da cidade fictícia de Metrópolis é devastada. Superman passa a ser encarado como uma ameaça à humanidade. “Essa é a qualidade que faz do Superman especial: ele ama os humanos acima de qualquer coisa”, diz Cavill. “E, mesmo sendo hostilizado, ele continua fazendo o que acha certo. Ele quer salvar a todos, mas sabe que é impossível, por mais que se esforce ao máximo”, completa.
As semelhanças entre BvS e a HQ de Miller estão na metodologia de combate ao crime de crime (Batman é infinitamente mais violento, por exemplo) e, mais obviamente, na luta entre os dois personagens principais. Foi graças a O Cavaleiro das Trevas que Ben Affleck aceitou embarcar no projeto. “Achei que era um engano quando Zack me ligou oferecendo o papel. Respondi: Você deveria ter me ligado 20 anos atrás”, conta, rindo, o ator que já interpretou o herói Demolidor em um fracasso de 2003. “Zack me convenceu a ir ao seu escritório. Queria me mostrar o que ele tinha do projeto. E então ele me mostrou um exemplar do Cavaleiro das Trevas, que é uma HQ que eu gosto. Um Batman que volta da aposentadoria, é um lutador já em fim de carreira. Que tem essa raiva, é fascinante.” Com Affleck, veio Chris Terrio, roteirista ganhador do Oscar por Argo (dirigido e protagonizado por Affleck), que transformou o personagem no “mais humano possível”, segundo o ator. “Adorei o fato de o Batman não ser um super-herói. Ele tem tantos problemas quanto qualquer um”, diz. “E ele definitivamente deveria começar a fazer terapia.”
O REPÓRTER VIAJOU A CONVITE DA DISTRIBUIDORA
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.