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Hilda Furacão morre, aos 83 anos, na Argentina

Hilda Maia Valentim, conhecida no Brasil por seu apelido “Hilda Furacão”, morreu nesta segunda-feira, 29, aos 83 anos, um dia antes de completar 84. Longe de sua Recife natal e da Belo Horizonte onde fez sua carreira como estrela dos bordéis de luxo, Hilda morreu no lar de idosos Guillermo Rawson, no modesto bairro portenho de Barracas, vizinho do bairro de La Boca, onde seu marido, o jogador de futebol Paulo Valentim, foi o astro nos anos 1960. Segundo o médico do asilo administrado pela prefeitura, Jorge Stolbitzer, Hilda morreu por complicações multiorgânicas.

Hilda sofria há meses de problemas respiratórios e renais. Há uma semana deixou de alimentar-se. As enfermeiras do lar tiveram que colocar-lhe sondas para hidratá-la. Poucas pessoas no asilo sabiam que sua paciente havia sido uma das mulheres mais famosas de Belo Horizonte nos anos 1950.

Sua história foi recuperada pelo livro Hilda Furacão, publicado pelo escritor Roberto Drummond em 1991. Mas, a fama sobre essa musa erótica, que no livro cativava os homens ricos da capital mineira à beira da piscina do Minas Tênis Clube, expandiu-se em 1998 por intermédio da minissérie homônima, interpretada pela atriz Ana Paula Arósio.

Boca Juniors

Em 1960 Hilda – que havia recusado pedidos de casamento de parte de milionários de Belo Horizonte – casou-se com o jogador mineiro Paulo Valentim, que um ano antes havia causado frisson em Buenos Aires ao exibir sua habilidade no campo durante um jogo da seleção brasileira na capital argentina. Os diretores do Boca Juniors o contrataram, fascinados pelo mineiro, que rapidamente conquistou o carinho da torcida e de seus colegas argentinos do time.

Nos primeiros anos o casal residia em uma casa de luxo onde, segundo relatou anos depois, “as paredes estavam forradas de veludo”. Além da residência paga pelo Boca Juniors, o casal contava com automóveis caros.

Valentim era a estrela principal do time, protagonizando emblemáticos gols contra o maior rival do Boca, o River Plate. Hilda tinha o status de “primeira-dama” do time e era respeitada pelos colegas de Valentim.

Mas, em 1964 o jogador mineiro entrou em uma espiral de decadência que o levou à bebida e ao jogo. Sempre acompanhado por Hilda, Valentim tentou retomar a carreira no Brasil e o México, infrutiferamente. O casal voltou a Buenos Aires em 1978.

O jogador trabalhou em times menores, sem sucesso. Acuado pelos problemas econômicos, Valentim recebeu ajuda de torcedores e amigos. Em 1984 Valentim morreu, deixando Hilda sozinha com seu filho Ulisses, que na época tinha 17 anos. Ajudada financeiramente por torcedores que idolatravam seu falecido marido, Hilda também trabalhou como faxineira e costureira. Ela morou com seu filho até que este faleceu por diabetes no ano passado.

Sozinha, com problemas de saúde, sofreu um acidente doméstico que a levou a uma internação de seis meses em um hospital. Ao sair dali foi internada no asilo Guillermo Rawson. Segundo os médicos, nos últimos tempos alternava períodos de lucidez com perda de memória.

Hilda será enterrada no portenho cemitério de La Chacarita. Ali também está seu marido Paulo Valentim.

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