De olho nas produções que caem no gosto de seus conterrâneos, o argentino Diego Guebel, diretor de conteúdo da Band, traz ao Brasil a primeira novela turca a ser exibida por essas bandas. E põe no ar nesta segunda-feira, 9, o folhetim Mil e Uma Noites, sucesso no Chile, Argentina e Uruguai, onde venceu até a brasileira Amor à Vida, aquela história de Walcyr Carrasco regida pelo pérfido Félix (Mateus Solano). Aqui, a trama vai ao ar com seus 180 capítulos, às 20h10.
País que cultua a novela como gênero preferido, a Turquia tem concorrido com a Globo em etapas finais do Emmy, a grande premiação da televisão mundial, e é também um bom mercado para as produções da própria Globo. Convém lembrar que o canal brasileiro fez até um afago nos espectadores e na indústria turística turca ao registrar lá um dos cenários de Salve Jorge, novela de Glória Perez. De quebra, a reabertura de espaço para dramaturgia na TV dos Saad pode, ainda que de modo distante, reacender a expectativa pela retomada do gênero entre as produções abrigadas pela emissora. O projeto de retomada da teledramaturgia foi até fator que conspirou para a ida de Dan Stulbach, incentivador da ideia, para a emissora, onde hoje ele estreia no comando do CQC.
“Exibir a novela é uma forma de a Band voltar à dramaturgia”, confirma Guebel. “Não temos só esse produto comprado, temos outras duas tramas. Se o resultado de Mil e Uma Noites for bom, vamos apostar nessa estratégia. Pode ser o começo de um novo caminho para a emissora.”
O sucesso das novelas turcas está para o Oriente Médio como o México está para o Ocidente. Ou, em outra comparação, como o chocolate está para a Suíça, como diz o executivo Farrell Meisel, que há 20 anos dá expediente em canais dos EUA, Alemanha, Cingapura e Afeganistão. Ao visitar o Brasil em junho passado, quando participou do Fórum Brasil de Televisão, Farrel explicou ao jornal O Estado de S. Paulo que as novelas turcas “fazem parte da cultura local desde a época do rádio”. O norte-americano integra a The Global Agency, empresa que exporta formatos para mais de 40 nações. E tem justamente na Turquia seu grande xodó, dada a aceitação que as novelas de lá vêm ganhando mundo afora.
“Mil e Uma Noites foi sensação no Chile e na Argentina. A novela está conquistando mais audiência do que todas as dramaturgias locai”, anima-se Guebel. O executivo da Band acredita que está se dissipando na América Latina o preconceito que havia contra as novelas turcas.
A julgar pelo melodrama que vem aí, a comoção da plateia não tem erro.
Produzida pela TMC Film, Mil e Uma Noites é protagonizada pela jovem Sherazade, arquiteta, viúva, mãe de um menino de 5 anos portador de leucemia, que precisa de auxílio financeiro para custear o tratamento do filho. Com a recusa do sogro, ela apela ao chefe, que se compromete em pagar o transplante de medula óssea que pode salvar a vida de seu filho, desde que… Claro, desde que passem uma noite juntos – ou isso não seria um folhetim. Sherazade terá de refletir se vale a pena abrir mão de sua honra para salvar a vida do menino.
Originalmente batizada como Binbir Gece, a novela foi lançada lá em 2007 e ganhou números de audiência expressivos no Oriente Médio, Leste Europeu e, recentemente, na América Latina. No Chile, o canal Mega quadruplicou sua audiência com o dramalhão. Na Argentina, o canal 13 dobrou sua média de audiência na faixa horária da novela, chegando a 20 pontos e vencendo a concorrente Telefe, primeiro lugar em audiência no horário, que exibia a brasileira Amor À Vida. Se chegar a 6 pontos na Band, já terá multiplicado o ibope da casa em boas proporções.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.