No duelo entre duas seleções que possuem novas e talentosas gerações, a Holanda levou a melhor sobre a Inglaterra ao vencer a rival por 3 a 1, de virada, nesta quinta-feira, no estádio Dom Afonso Henriques, em Guimarães (POR). Com o triunfo, os holandeses avançaram à decisão da Liga das Nações da Uefa, na qual terão pela frente Portugal, no domingo, às 15h45 (de Brasília), na Cidade do Porto.
Com a vantagem de atuar como país-sede desta fase final da recém-criada competição, a seleção portuguesa se garantiu na luta pelo título na última quarta-feira, quando superou a Suíça, também por 3 a 1, com três gols marcados por Cristiano Ronaldo.
Já a Inglaterra, que sonhava encerrar em Portugal o seu longo jejum de troféus – não ergue uma taça desde a Copa do Mundo de 1966 -, vai ter de se conformar com a disputa do terceiro lugar da competição. Este duelo também ocorrerá no domingo, às 10 horas (de Brasília), quando os ingleses medirão forças com os suíços em Guimarães.
Depois de ter fracassado na tentativa de se classificar para a Eurocopa de 2016 e para o Mundial de 2018, a Holanda tentará conquistar neste domingo o seu primeiro troféu neste ciclo que visa principalmente a Euro de 2020 e a Copa de 2022, no Catar.
O JOGO – Comandada pelo técnico Ronald Koeman, a jovem seleção holandesa começou o confronto desta quinta-feira com maior presença ofensiva e atuando diante de uma Inglaterra que iniciou o duelo sem Harry Kane, ainda sem condições físicas ideais após se recupera de lesão, entre os titulares.
Sem Kane, Gareth Southgate mandou a sua equipe a campo com os garotos Rashford, de 21 anos, e Sancho, de 19, formando trio ofensivo com o “experiente” Sterling, de 24. Atrás deles, Rice, Barkley e Delph foram escolhidos para compor um meio-campo que não teve Henderson, capitão do Liverpool, outro poupado, assim como Kane, do Tottenham, depois de os dois terem se enfrentado na final da Liga dos Campeões no último sábado.
Pelo lado holandês, Koeman também apostou em um trio ofensivo ao escalar os atacantes Babel, Bergwijn e Depay. E com este desenho tático, a equipe foi a que conseguiu criar as principais oportunidades de marcar no início. A primeira mais clara veio aos 7 minutos, quando Depay recebeu na entrada da área, se livrou da marcação de Maguire com um drible e chutou. Pickford, porém, defendeu com tranquilidade.
Depois disso, aos 20, Depay voltou a aparecer com perigo no ataque ao receber um passe pelo lado esquerdo da grande área, gingar para cima de um marcador e finalizar forte. O goleiro inglês, entretanto, voltou a mostrar segurança ao defender sem dar rebote.
A Inglaterra sofria para engrenar na parte ofensiva, mas acabou achando o caminho para fazer o primeiro gol ao ser presenteada com uma falha feia do jovem zagueiro Matthijs de Ligt, de 19 anos, mas já capitão do Ajax que avançou às semifinais da última Liga dos Campeões. Ele se atrapalhou na hora de sair jogando e acabou dando a bola de graça para Rashford. O rápido atacante do Manchester United invadiu a área e, na cara do gol, foi derrubado por De Ligt quando se preparava para chutar ao gol. Pênalti claro.
A penalidade foi assinalada pelo juiz e o mesmo Rashford fez a cobrança com categoria no canto esquerdo baixo do goleiro Cillessen, que caiu para o outro lado: 1 a 0 Inglaterra, aos 31 minutos.
A jovem Holanda não se acovardou com o gol sofrido e respondeu logo em seguida em finalização de longe de Babel, aos 34, que obrigou Pickford a praticar boa defesa em dois tempos. E os holandeses se viram muito próximos de empatar nos acréscimos da primeira etapa, aos 48, com De Ligt, praticamente sozinho na frente do gol, cabeceando para fora ao completar uma cobrança de escanteio.
Na volta para a etapa final, Southgate se viu obrigado a fazer a sua primeira alteração, pois Rashford se lesionou em lance no final do primeiro tempo e a Inglaterra retornou para o gramado com Kane no lugar do jovem atacante.
Mas o astro do Tottenham pouco apareceu após entrar no jogo e ainda viu Sancho desperdiçar boa oportunidade de ampliar o placar aos 8 minutos, quando cabeceou nas mãos de Pickford após ser acionado com liberdade na grande área. A Holanda, precisando do empate, respondeu no lance seguinte com Depay finalizando para nova boa defesa de Pickford.
E com apenas 15 minutos Southgate mostrou que já estava pensando em administrar a vantagem de 1 a 0 ao sacar Sancho e colocar o meia Lingard. Do outro lado, Koeman fez duas substituições de uma só vez ao sacar o volante De Roon e colocar o meia Van de Beek e fazer uma troca de atacantes com a entrada de Promes no lugar de Babel.
REDENÇÃO DO GAROTO – Mas o empate holandês acabou saindo mesmo por meio do defensor De Ligt, que recebeu escanteio batido pela direita e, no primeiro pau, subiu muito e cabeceou forte no canto esquerdo baixo de Pickford para marcar, aos 27 minutos. Assim, ele conseguiu se redimir da falha cometida no lance que originou o pênalti para a Inglaterra na etapa inicial e manteve a Holanda viva na luta pela vaga na decisão.
Pouco depois do empate, Southgate resolveu finalmente pôr Henderson em campo ao sacar Delph do meio-campo. O capitão do Liverpool deu novo gás ao time inglês, que chegou a encontrar o caminho do segundo gol em uma jogada trabalhada desde a sua defesa e iniciada ainda com Pickford. E a trama ofensiva teve assistência justamente de Henderson para Lingard tocar para as redes na saída de Cillessen.
Porém, após consulta ao árbitro de vídeo (VAR), o juiz do jogo teve conhecimento de que Lingard estava impedido e acabou anulando o gol. E a Inglaterra depois desperdiçaria duas grandes oportunidades de matar o jogo no final do segundo tempo, primeiro com Kane finalizando perto da trave de Cillessen aos 44 e depois com Lingard pegando mal na bola ao receber passe da direito em ótimas condições para o arremate.
FALHAS E VIRADA NA PRORROGAÇÃO – Os erros custaram caro aos ingleses, que acabaram levando a virada no placar na prorrogação. E o segundo gol da Holanda ocorreu após uma grande lambança de Stones na defesa. O zagueiro vacilou ao tentar sair jogando e deu a bola de graça para Depay, que finalizou para ótima defesa de Pickford. O goleiro, porém, deu rebote para Promes. O atacante tentou finalizar e pegou mal na bola, mas ela tocou em Walker, que vinha no abafa e acabou marcando contra, aos 6 minutos do tempo extra.
Agora em desvantagem no placar, o cauteloso Southgate tentou apostar a sua última ficha ao sacar o volante Rice e colocar o meia Dele Alli para a etapa final da prorrogação, mas a Holanda acabou liquidando a partida após ser beneficiada por uma nova falha de um defensor inglês. Agora foi a vez de Barkley recuar mal uma bola e entregá-la de bandeja para Depay, que tocou para Promes balançar as redes e assegurar o 3 a 1, aos 8 minutos do segundo tempo da prorrogação. Festa holandesa nas arquibancadas em Guimarães. E nova desilusão para a fanática torcida inglesa.